O facto de ter filmado o ato sexual brutal com o telemóvel foi decisivo para condenar a 16 anos de prisão efetiva Hélio Santos, o camionista que violou e mutilou a própria mulher, uma cabeleireira de Tomar que foi vítima de episódios brutais de violência doméstica ao longo de vários anos.
A leitura do acórdão decorreu no Tribunal de Santarém, onde o arguido, de 45 anos, foi condenado por violação agravada, violência doméstica (sobre a vítima e sobre a filha menor), ofensa à integridade física agravada, gravações ilícitas e detenção de arma proibida.
No julgamento, segundo a presidente do coletivo de juízes, resultou provada toda a “crueldade” e a “frieza chocante” com que o motorista de pesados cometeu os crimes, sempre motivado por ciúmes possessivos e doentios.
Recorde-se que Hélio Santos foi detido a 18 de março do ano passado, depois de ter usado uma tesoura de poda para cortar o dedo indicador direito da cabeleireira, para que esta não pudesse trabalhar, de lhe ter arrancado os brincos das orelhas, e de lhe ter rapado o cabelo, sobrancelhas e pestanas com uma máquina, deixando-a desfigurada.
No dia anterior, e por suspeitar de uma relação extraconjugal, levou-a para um descampado próximo da autoestrada A13, onde a agrediu a murro e pontapé, com pedras na cara, e a forçou a ter relações sexuais, enquanto filmava o ato com o seu telemóvel e proferia ofensas à mulher.
“No filme, fica provado que só o senhor está a ter prazer sexual, enquanto humilha e rebaixa a sua mulher”, afirmou a presidente do coletivo, que se disse “chocada” com a violência do crime, e depois de ver a gravação três vezes.
O coletivo também não teve dúvidas em concluir que o homem sujeitou mulher e filha a um ambiente de grande violência doméstica durante anos, com ameaças de morte com armas de fogo, agressões, ofensas verbais e coação psicológica.
Hélio Santos foi ainda condenado a pagar 75 mil euros à cabeleireira e 10 mil euros à filha, além do pagamento de todas as despesas hospitalares e consultas de acompanhamento psicológico das vítimas
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