Estas unidades de saúde estão assim mais capacitadas para responder a uma calamidade que venha a envolver um grande número de vítimas que necessitem de cuidados hospitalares, seja um fenómeno natural extremo, uma catástrofe ambiental, um desastre industrial, um acidente de viação de grande escala, um ato de terrorismo, entre tantas outras possibilidades.
Os hospitais do CHMT são dos primeiros a nível nacional a adotar esta metodologia, que permite gerir um cenário de catástrofe, aumentando a capacidade de resposta da instituição muito rapidamente, permitindo assim salvar mais vidas num cenário de grande pressão.
Durante os três dias de formação intensiva, o grupo alterou os circuitos de resposta das três unidades que constituem o CHMT, para reagir a um desastre com múltiplas vítimas, e foram alinhados genericamente novos planos de contingência para situação de catástrofe. Foram também realizados simulacros, com casos práticos, para avaliar a capacidade de resposta dos profissionais de saúde e a boa aplicação da metodologia de prestação de cuidados em contexto de crise de grande escala.
“As situações multivítimas são muito frequentes, mais frequentes do que possamos imaginar: incêndios florestais, acidentes em cadeia nas autoestradas, acidentes industriais”, exemplifica Nelson Olim, cirurgião especialista em medicina de catástrofe, responsável por ministrar esta formação da Academia da OMS aos profissionais do CHMT.
“Numa situação multivítimas, sabemos que há um grupo de pessoas que, apesar de feridas, vai sobreviver, e que corresponde a cerca de 80% dos envolvidos. Depois, há um grupo de 20% de pessoas que requer cuidados imediatos. Os hospitais precisam de ter sistemas que lhes permitam rapidamente perceber quem são esses 20% e dar-lhes tratamento adequado. Para isso tem de haver um sistema treinado e testado. Senão, o que acontece é que as instituições enfrentam uma primeira vaga de doentes ligeiros, porque são aqueles que geralmente conseguem chegar pelos seus próprios meios ao hospital, e esta primeira onda de doentes faz colapsar o serviço de urgência da instituição. Depois, quando chegam os doentes verdadeiramente graves já não têm espaço e disponibilidade de recursos”, enquadra o médico, explicando a necessidade de preparação e planeamento para este tipo de situações.
A equipa de formandos do CHMT envolveu médicos, enfermeiros, farmacêuticos, administrativos, pessoal do armazém, da gestão hoteleira e seguranças.
Piedade Pinto, enfermeira diretora do CHMT, que integrou a equipa que recebeu a formação, considera que “esta formação foi muito enriquecedora. Estamos habituados ao contexto da sala da urgência, mas fomos transportados para uma zona de desconforto da catástrofe. Percebemos que a qualquer momento podemos ter de enfrentar um ou mais incidentes com múltiplas vítimas associadas e temos que estar preparados para mudar integralmente a nossa forma de reagir. Isso exige muito treino e planeamento, afirma a responsável que integra o Conselho de Administração do CHMT.