Um pico de afluência registado desde o fim-de-semana passado está a provocar grandes constrangimentos no Serviço de Urgência do Hospital de Santarém, tendo esta unidade hospitalar ficado praticamente sem capacidade de internamento para tantos doentes.
Segundo a Rede Regional conseguiu apurar, na manhã desta segunda-feira, 30 de maio, mais de 40 utentes aguardavam por uma vaga para internamento.
Com as enfermarias lotadas, os doentes permaneceram deitados em macas ao longo dos corredores do serviço de urgência, uma situação que provocou o descontentamento de muitos familiares.
“Isto parece um hospital de campanha”, referiu uma familiar à Rede Regional, acrescentando que “os doentes estão amontoados, não havendo a hipótese de respeitar a privacidade dos mesmos nem proporcionar espaço a quem deles cuida”.
Contatado pela Rede Regional, o Conselho de Administração do hospital de Santarém confirmou que esta súbita “procura muito acima da média” provocou “níveis de ocupação elevados” nos Serviços de Internamento, e que estiveram “doentes no corredor em avaliação”.
Contudo, a mesma fonte esclarece que a Urgência “dispõe dos recursos humanos ao nível da atividade que desenvolve”, e que isso não significou “necessariamente falta de cuidados” e de assistência médica.
Helena Jorge, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), confirmou à Rede Regional as dificuldades provocadas por este pico “anormal”.
“É uma situação recorrente, sempre que há uma maior afluência, mas este é um problema que tarda em ser resolvido”, acrescentou a responsável, explicando que vários enfermeiros foram obrigados a fazer horas extraordinárias em turnos consecutivos para tentar dar resposta à situação.
“Mesmo fatigados e contrariados, é óbvio que nenhum enfermeiro ia deixar alguém sem os devidos cuidados médicos”, referiu Helena Jorge.
A Rede Regional apurou ainda que, nestes últimos dias, várias ambulâncias de socorro ficaram retidas no parque de estacionamento do hospital, aguardando várias horas, em alguns casos, pela devolução das macas que transportam os doentes.
Sobre esta questão, o Conselho de Administração do hospital admite apenas que uma “eventual demora no retorno das macas” tenha sido “pontual”, e garante que dispõe de “um elevado número de macas”.