O abaixo assinado que a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) tem vindo a promover contra o encerramento do internamento em medicina interna no hospital de Torres Novas já ultrapassou as nove mil assinaturas.
No documento escrito, dirigido ao ministro da Saúde, os promotores acusam a direção do Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT) de primeiro desqualificar a urgência, depois encerrar a cirurgia e acabar com a infeciologia, existindo movimentações para retirar a pediatria.
O hospital de Abrantes vai concentrar todo o serviço de internamentos do CHMT a partir desta segunda-feira, 6 de Maio, uma decisão que o próprio presidente do Conselho de Administração, Joaquim Esperancinha, confirmou à Agência Lusa.
Segundo as palavras deste responsável à Lusa, a mudanças assenta na estratégia definida em 2012 de ter "serviços únicos, transversais a todo o Centro Hospitalar, no quadro de uma cultura institucional única".
"Faz todo o sentido a concentração do internamento em Abrantes, porque é lá que está a urgência médico-cirúrgica", defendeu o presidente do CA, citado pela agência noticiosa, explicando que a atividade de ambulatório da Medicina Interna "vai manter-se descentralizada" nas três unidades do CHMT.
Segundo o mesmo, a decisão permite aumentar a eficiência do serviço e reduzir 20 camas, uma vez que o serviço deixa de estar disperso e continua a trabalhar com os mesmos profissionais.
Mas para a CUSMT, que exige "cuidados de saúde de proximidade e qualidade", estas medidas significam o esvaziamento funcional do Hospital de Torres Novas, sendo também bastante afetado o de Tomar, para concentração dos serviços na unidade de Abrantes.
Em nome do "respeito pelas populações", a comissão reclama que os serviços de urgência, medicina interna, pediatria e cirurgia em ambulatório devem existir nas três unidades de saúde do CHMT.
Entretanto, a CUSMT divulgou também a resposta do Ministério da Saúde ao requerimento do Grupo Parlamentar do PCP sobre as dificuldades de funcionamento da urgência no Hospital de Abrantes.
A tutela nega que a "política de restrição orçamental" tenha "reflexos na população ao nível da prestação de cuidados de saúde".
O Ministério da Saúde reconhece que o CHMT se confronta com um problema de falta de médicos, mas sustenta que abriu 40 vagas em 2012 e quatro em 2013 para colmatar a falta de profissionais, lugares que não foram preenchidos apenas por falta de candidatos.
Em relação aos enfermeiros, Luís Vitório, o chefe de gabinete do ministro Paulo Macedo, responde que o CHMT "dispõe de 665 enfermeiros que permitem assegurar a prestação de cuidados de saúde de forma segura e adequada", assim como nega as suspeitas de falta de material que têm vindo a ser denunciadas pelos utentes e às quais o requerimento do PCP fazia referência.
Assembleia Municipal do Entroncamento contra deslocação do serviço
Esta medida "é altamente preocupante face ao sucessivo esvaziamento que se tem vindo a verificar nas três unidades hospitalares de serviços de que a população tem grande necessidade", considera uma moção aprovada na Assembleia Municipal do Entroncamento, concelho diretamente servido pelo Hospital de Torres Novas.
A decisão do Conselho de Administração do CHMT "insere-se numa política levada a cabo pelas sucessivas administrações de esvaziamento da unidade hospitalar de Torres Novas, com a consequência direta da degradação do acesso dos utentes aos cuidados de saúde, tornando-os mais caros e mais distantes", lê-se no documento proposto pelos eleitos da CDU, onde os subscritores afirmam que "tais medidas têm contribuído para o aumento das despesas, ansiedade e sofrimento dos doentes e respetivas famílias".
Os autores do documento fizeram as contas e afirmam ainda que "com a saída da medicina interna, o Hospital de Torres Novas, com capacidade para 140 camas, ficará reduzido a cerca de 1/3", acrescendo que a concentração em Abrantes vai reduzir em 18 camas a capacidade de internamento desta especialidade cuja taxa de ocupação ronda geralmente os 100%".
A moção exige do CHMT e do Ministério da Saúde a "elaboração de um plano estratégico para todo o sector da saúde no Médio Tejo, que privilegie a articulação entre os diversos níveis de prestação de cuidados de saúde, e que defina quais as valências que pela sua importância social e clínica devem estar nas três unidades hospitalares".