“Eu tenho 67 anos e sinto necessidade de consultas que nem são marcadas ou são adiadas”, afirma Bertina Branco à porta do hospital de Santarém, onde durante a manhã desta quinta-feira, 22 de agosto, participou no cordão humano que exigiu a prestação de melhores cuidados de saúde nesta unidade hospitalar.
Convocado em menos de 24 horas, esta ação de protesto foi organizada pelo Movimento dos Utentes de Serviços Públicos de Santarém (MUSPS), e serviu de apoio à greve de quatro dias que os enfermeiros de Santarém estão a realizar desde a passada terça-feira, e que, ao terceiro dia, “está a registar uma adesão de 82%”, segundo Helena Jorge, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
“Aos enfermeiros deste hospital, está-lhes a ser exigido um trabalho impossível de aguentar”, disse Augusto Figueiredo, responsável do MUSPS, garantindo que o movimento vai continuar com as ações de protesto para “sensibilizar a opinião pública e os órgãos do poder democrático que a saúde é um direito humano consagrado, não é um negócio”.
“Parece que já nem temos um Ministério da Saúde, temos um ministério da doença”, acrescentou Augusto Figueiredo, que comentou ainda o facto da administração do hospital de Santarém ter anunciado a contratação de 17 novos enfermeiros.
“Ora, se faltam 170, estamos a falar de um décimo do que é necessário. Assim, parece que querem mandar areia para os olhos das pessoas”, disse o responsável, garantindo que as ações de protesto em defesa do Serviço Nacional de Saúde vão continuar.
Entre os cerca de 80 a 100 participantes neste cordão humano, queixas e lamentos não faltaram em relação ao serviço que lhes é prestado no Hospital de Santarém.
“Não faltam só enfermeiros, faltam também médicos”, desabafou Lucinda Botas, acrescentando que acha muito justa a luta dos profissionais de saúde que estão em greve.
“Esperamos demasiado tempo por consultas, mesmo em oncologia”, garantiu à Rede Regional Teresa Silva, uma utente “muito frequente” que acrescenta ainda já ter notado “carências de roupa e de outro material”.
“Isto assim não pode continuar, temos que lutar pelos nossos direitos, e é o que estamos a fazer ao estar aqui ao lado dos enfermeiros”, acrescentou a scalabitana.