Cerca de 200 utentes do Centro de Saúde de Alcanede juntaram-se numa tribunal popular de protesto contra a falta de médicos nesta unidade, durante a manhã desta quarta-feira, 15 de abril.
“Somos cerca de 5 mil utentes de duas freguesias, Alcanede e Gançaria, e temos apenas um médico que não está cá todos os dias e outro que vem uma vez por semana. Isto não pode continuar”, disse à Rede Regional Joel Frazão, um dos organizadores da ação de protesto.
Joel Frazão acrescenta ainda ser “inaceitável” o facto dos utentes poderem marcar consulta apenas uma vez por mês para o clínico que está em prestação de serviço, que também não tem ficheiro atribuído e não pode desempenhar o papel de um médico de família.
Há casos de utentes que esperam mais de três meses por uma simples consulta, e que a emissão de receitas médicas para o avio de medicamentos na farmácia também chega a ultrapassar os 30 dias.
Entre os populares, encontram-se casos graves de falta de cuidados de saúde, como o de Madalena Durão, uma doente oncológica que luta contra o cancro da mama.
“Preciso de fazer análises regularmente, algumas todos os meses, e não tenho quem me passe os exames. Sou obrigada a deslocar-me a Lisboa, ao hospital onde ando a ser tratada, para ir buscar uma simples credencial”, explica a mulher.
A falta de médicos no Centro de Saúde de Alcanede piorou desde que um dos clínicos do quadro foi detido no âmbito de uma investigação judicial (estando atualmente em prisão domiciliária) e uma outra médica pediu exoneração, no mês passado.
As Juntas de Freguesias têm sensibilizado os organismos do Ministério da Saúde para o problema, mas “o facto é que o Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria não tem médicos para colocar aqui, conforme já nos transmitiram em várias reuniões”, explicou à Rede Regional Cristina Neves, presidente da Junta de Freguesia de Alcanede.
Pela Junta de Freguesia da Gançaria, Joaquim Aniceto diz compreender o “desespero e a revolta” das populações.
Ambos os autarcas sofrem na pele o problema, pois são utentes do Centro de Saúde e são dos que, neste momento, nem sequer têm médico de família atribuído.