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Ricardo Casebre: “ O festival é um sonho que tornámos realidade”

O presidente do Rancho de Benfica do Ribatejo tem sido o rosto mais visível da organização do festival internacional de folclore.

Desde 2008, o presidente do Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo tem sido o rosto mais visível da organização de um festival internacional de folclore que, em apenas duas edições, trouxe a Almeirim mais de uma dezena de agrupamentos estrangeiros e revolucionou o conceito de organização e apresentação de espectáculos de cariz etnográfico. O lema “O mundo aqui tão perto” descreve bem o espírito de um evento onde o colorido dos trajes e os movimentos das danças não se confinam aos palcos e invadem o espaço público e as ruas das freguesias, misturando-se com as populações e criando laços de afinidade com povos de outras paragens.

“O festival é um sonho que tornámos realidade graças ao trabalho e à dedicação das centenas de voluntários que fazem com que ele seja possível de realizar”, começa por afirmar Ricardo Casebre, deixando um agradecimento especial a todos os que se envolvem na sua organização.

Na entrevista que se segue, levanta-se o véu da edição de 2012 do FIFCA – Festival Internacional de Folclore do Concelho de Almeirim, que decorre entre os dias 20 e 25 de Abril, e que se aventura, pela primeira vez, por terras de municípios vizinhos.

 

Em primeiro lugar, quais são os grupos que vão marcar presença no FIFCA 2012?

Neste momento, o programa está em fase de conclusão por existirem dúvidas em relação a duas comitivas, por questões relacionadas com os vistos internacionais. Para já, temos dois grupos de Itália e comitivas do Brasil, Lituânia, Colômbia, Sérvia, Eslováquia e Egipto, mas podem ainda surgir surpresas de última hora. O programa definitivo e detalhado será apresentado no dia 9 de Abril, em conferência de imprensa.

Quais são as principais novidades desta edição?

Em primeiro lugar, eu gostaria de destacar a criação da menção honrosa José de Jesus – “o pintor sem braços”, que o secretariado deliberou instituir para homenagear uma personalidade que merece ser recordada, tendo em conta os serviços culturais e artísticos de relevo que prestou no concelho de Almeirim. Esta distinção será atribuída a uma das comitivas internacionais que se destaque pela autenticidade cultural. Elas vão ser avaliadas por um grupo de trabalho formado pelos familiares de José de Jesus, que vão estar presentes em todas as galas no cine-teatro de Almeirim, e por representantes de todos os grupos participantes.

Outra das novidades é o lançamento do concurso internacional de fotografia, que vai decorrer em paralelo com o festival. É também uma forma de garantir um património visual que ficará para memória futura e que servirá de base na divulgação das próximas edições do FIFCA.

Temos também uma exposição de trajes internacionais no mercado da freguesia de Benfica do Ribatejo, que é um dos objectivos pensados logo na primeira edição do evento e que será agora concretizado. Aliás, o FIFCA recebe duas exposições temáticas: "O Mundo Aqui Tão Perto", a qual serve de base ao Museu do Traje Internacional e Nacional, que será criada a partir de 21 de Abril no decorrer do festival e será posteriormente transferida para o Pólo Sociocultural e Museológico de Benfica do Ribatejo, e uma outra exposição no cine-teatro de Almeirim, com a história do festival e o lançamento do concurso de fotografia.

E como as novidades não ficam por aqui, esta edição abriu as suas portas a quatro municípios limítrofes, Benavente, Alpiarça, Santarém, através da Junta de Freguesia de Alcanhões, e Salvaterra de Magos, através Junta de Freguesia de Muge. São parcerias locais com associações, instituições sociais e agrupamentos escolares.

O festival vai apresentar espectáculos em concelhos vizinhos?

A edição deste ano conta com a participação alargada de comitivas estrangeiras pelo facto de termos alargado estrategicamente a logística do FIFCA aos municípios limítrofes. O seu apoio expresso foi a garantia que nos permitiu encarar esta organização com mais conforto.

A organização está a sentir dificuldades provocadas pela crise?

Ao contrário do discurso negativo que incute a desmotivação e provoca o medo, a crise deu-nos motivação.

Mesmo conscientes das dificuldades económicas que o país actualmente atravessa, conhecedores do momento difícil que muitas famílias e empresas vivem, não desanimámos perante as contrariedades, certos de que temos todas as capacidades para realizar um evento de dimensão internacional com a qualidade e dignidade que o folclore e a cultura do Ribatejo merecem. E foi assim que, apenas com o apoio logístico e fundamental da Câmara de Almeirim, que nos retirou os apoios financeiros, partimos em busca das parcerias e os resultados vão em breve estar à vista.

Qual é o orçamento?

Ora bem, o secretariado e o Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo, que tem como patrocinador oficial desde a primeira hora o Crédito Agrícola Ribatejo Sul, partiram para esta edição com um orçamento real de 5 mil euros. Mas, com muita vontade e determinação, estabelecemos parcerias com outros municípios e instituições que tiveram a visão de se associar a esta organização, o que tornou possível realizar o evento com muita dignidade e qualidade.

Em Dezembro de 2011, apresentámos para esta edição um orçamento previsto de 35 mil euros, mas a autarquia, até ao momento, não deliberou qualquer montante para o FIFCA, pelo que estamos na expectativa.

Torna-se complicado projectar os custos que um certame desta dimensão pode ter?

Esta organização foi sempre idealizada para dar à autarquia um evento concelhio de grande dimensão para celebrar condignamente o 25 de Abril e as comemorações da liberdade. Sempre acreditámos que isso pode ser feito com custos reduzidos com as mais-valias repartidas pelas associações e freguesias do concelho.

Na primeira edição, apresentamos um orçamento faseado e crescente, que não nos agradou, mas foi a Câmara quem assumiu grande parte da logística. Na edição seguinte, já abordámos o tema orçamental com mais cautela e de forma rigorosa, pois o Rancho de Benfica do Ribatejo, enquanto organizador do festival, tem que obter receitas para investir na organização do evento seguinte. Em 2010, já apresentamos um orçamento de 30 mil euros, em que a autarquia aprovou um apoio de 12.500 euros, mas os estudos económicos e as projecções de custos não são fáceis de fazer, sobretudo quando o grande objectivo é ter uma organização sem falhas, com grande diversidade e qualidade.

Quantas pessoas estão envolvidas na organização? E entidades?

O secretariado tem cerca de 40 elementos, divididos por diversos sectores. Juntam-se mais 100 voluntários envolvidos na logística directa, que executam todas as tarefas. Estamos a falar de elementos e familiares do rancho, do corpo de bombeiros voluntários de Almeirim, de funcionários da Câmara e das Junta de Freguesia, de guias, escuteiros e outros particulares. A estes, somam-se os que se envolvem através dos parceiros da organização do evento nos diversos municípios, nos ranchos do concelho e restantes instituições, o que dará certamente mais de 300 pessoas.

Em termos de entidades, e sem querer deixar ninguém de fora, temos que referir o nosso patrocinador oficial, o Crédito Agrícola Ribatejo Sul, as Câmaras de Almeirim, Alpiarça e Benavente, as Juntas de Freguesia de Almeirim, Alcanhões e Muge, os bombeiros voluntários de Almeirim, a Brigada Mecanizada de Santa Margarida, a GNR, o SEF, a Fundação Inatel, a Federação do Folclore Português, os agrupamento de escolas do concelho de Almeirim, várias instituições de solidariedade social, a Confraria Gastronómica de Almeirim, o IPI, Galão Publicidade, Sumol + Compal, Bonduelle, Mirene, entre tantos outros não referidos e que de forma anónima colaboram para o sucesso deste evento.

Apenas com duas edições, o festival já se afirmou como um dos maiores da região, em termos de folclore?

Cabe ao público que teve a oportunidade de assistir aos eventos e aos meios de comunicação social, que acompanham esta organização desde a primeira hora, avaliar o seu crescimento sustentado, o seu impacto cultural e as mais-valias que deixou, comparando o que seriam as comemorações do 25 de Abril com o festival ou sem ele.

Pessoalmente, creio que o saldo é muito positivo. Este certame é algo que obriga os nossos grupos a crescerem qualitativamente em relação a novas formas de abordagem cultural. Os grupos de folclore devem repensar as suas formas de mostrar o seu trabalho de recolha e preservação das memórias orais de um povo. Temos que manter o legado para as novas gerações, chegar juntos aos estabelecimentos escolares com as tradições, e o FIFCA faz isso, aborda e leva as tradições de vários continentes e países junto dos mais novos.

O público tem correspondido?

O público tem sido excepcional no apoio a este evento cultural. Esperamos que nos brindem com a sua presença nos locais onde decorrem as actividades desta edição, que venham para a rua celebrar Abril e a liberdade, porque essa ainda não nos conseguiram tirar.

O que é que o festival trouxe de positivo para o Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo, para o concelho e para a região?

Além de ser o maior evento que já realizámos, o festival é um grande sucesso que valorizou bastante todo o folclore no concelho e projectou a imagem de Almeirim de uma forma bastante positiva no Mundo. Há muitas coisas que nos surpreenderam pela positiva, como o facto de muitos miúdos que nem gostavam ou sequer conheciam o folclore, hoje estarem a pedir para integrar o voluntariado ou mesmo dançar no rancho de Benfica ou simplesmente fazerem parte dele.

Para o concelho de Almeirim, é uma forma natural de afirmar a sua identidade fortemente marcada pelas tradições culturais e etnográficas, associando a nossa gastronomia tão rica e variada a este tipo de eventos, com os nossos vinhos a serem premiados internacionalmente.

Só falta mesmo uma estratégia que congregue todos estes intervenientes, valorizando internacionalmente o turismo cultural de proximidade. Que não só será uma mais-valia para Almeirim e para região, como será também positivo para o nosso País. Iniciei esta organização com algo que Fernando Pessoa escreveu, e que me inspirou: "O Homem sonha e a Obra Nasce". Ora, esta é a prova que ele tinha toda a razão.

 

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