A falta das mãos não é condição fatal para que o homem deixe de sonhar ou de se superar a si próprio. A prova disso é José de Jesus, o “pintor sem braços”, que este ano empresta o seu nome a uma nova menção honrosa que o secretariado do FIFCA decidiu instituir para premiar o agrupamento participante que mais de destaque pela sua autenticidade cultural.
“Pessoalmente, penso que devemos esta homenagem a esta pessoa humilde, com um coração enorme, que fazia com os pés o que muita gente não conseguia fazer com as mãos”, explica Ricardo Casebre.
José de Jesus nasceu a 10 de Março de 1945, em Carreira de Cima, um pequeno lugar na freguesia de Souto da Carpalhosa, Leiria. Nasceu no seio de uma família humilde de quatro irmãos, três deles deficientes e dois sem os membros superiores.
Desde cedo acompanhava a mãe nas feiras, onde se sentava sobre uma esteira a comer tremoços com os pés.
Entrou aos nove anos para a escola primária, onde ficava junto da lareira a escrever no chão com o pé esquerdo, enquanto os seus colegas se sentavam nas carteiras. Logo na 3ª classe, passou com distinção no exame de admissão á escola industrial, tendo chamado a atenção dos júris, que o convidaram a ir para Lisboa aperfeiçoar a técnica no desenho.
Em 1960, chegou à capital para ter aulas de desenho com o professor Eduardo Lopes e de figura com Domingos Rebelo. Depressa ingressou na escola de Belas Artes e entrou na “Vereinigung Der Mund – Und Fussmalenden Kunstler”, no Liechtenstein, Suíça. As suas pinturas foram reproduzidas em postais e calendários em todo o mundo.
Apesar das suas deslocações constantes por todo o mundo, onde participou em muitas exposições, José de Jesus assentou novo em Benfica do Ribatejo, onde casou, em 1965, e viu nascer a sua filha e mais tarde dois netos.
Foi um homem intimamente ligado ao desenvolvimento do associativismo na freguesia, tendo pertencido ao Sport Lisboa e Benfica do Ribatejo, à Associação de Socorros Mútuos de Benfica do Ribatejo (antiga Associação Humanitária Benfiquense), ou à Assembleia de Freguesia local, como vogal, entre outros cargos.
José de Jesus faleceu a 15 de Maio de 2002.
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