A vereadora Élia Figueiredo, eleita pelo Movimento pelo Cartaxo, do ex-presidente da câmara, Paulo Varanda, acusou esta segunda-feira, 7 de abril, o atual presidente da autarquia, Pedro Magalhães Ribeiro (PS), de “lançar boatos”, “faltar à verdade” e de a “perseguir” enquanto funcionária da autarquia. As acusações foram refutadas pelo autarca que acusa a funcionária-vereadora de “má-fé” e “mania da perseguição”.
As críticas foram feitas durante o período antes da ordem do dia, com Élia Figueiredo, que no anterior mandato era responsável pelos recursos humanos da câmara, a acusar Pedro Magalhães Ribeiro de, numa reunião com funcionários da autarquia, ter referido que havia uma funcionária que levava para casa cerca de 600 euros por mês de horas extraordinárias.
Apesar de admitir que Pedro Ribeiro nunca tinha referido o seu nome, Élia Figueiredo não tem dúvidas que o presidente se estava a referir a si e apelidou a referência “de muito mau gosto”, acusando o autarca de “falta de rigor, de verdade e de transparência”, referindo mesmo que o que o presidente fez foi “uma ação de campanha para falar mal do executivo anterior”.
Élia Figueiredo admitiu que lhe tinham sido pagas as horas extra em causa mas garantiu que todas tinham sido efectuadas, com grande prejuízo pessoal e familiar, uma vez que estava numa secção “em que duas ou três pessoas tinham de fazer o trabalho de oito”.
A vereadora, que se mantém como trabalhadora da autarquia mas no cargo que ocupava antes do anterior mandato, afirmou mesmo que num período em que esteve ausente, por doença, o seu gabinete foi assaltado, tendo inclusivamente desaparecido objectos pessoais em ouro.
Depois de fazer as críticas, a vereadora alegou que não tinha condições para continuar na sala e abandonou, de imediato, a reunião sem ouvir a resposta do presidente. Pedro Magalhães Ribeiro lamentou a postura, que apelidou de “bate e foge” de Élia Figueiredo e acrescentou que, apesar de não gostar de falar de quem não estava presente, “perante a gravidade das acusações”, não podia ficar sem resposta.
O autarca referiu que as substituições dos coordenadores dos vários serviços “obedeceram a critérios de avaliação do trabalho desenvolvido”, e referiu que Élia Figueiredo voltou apenas ao seu cargo original de técnica de higiene e segurança no trabalho.
Pedro Magalhães Ribeiro mostrou-se satisfeito por, em apenas três meses, ter reduzido as horas extra em mais de 50 por cento, e, sem referir nomes, responsabilizou o anterior departamento de pessoal de ter retido verbas ilegalmente, nomeadamente pagamentos à Caixa Geral de Aposentações, de ter deixado os funcionários sem avaliação e de não haver consultas de medicina no trabalho desde 2013.
Após as afirmações de Pedro Ribeiro, o outro vereador do Movimento pelo Cartaxo, Nuno Nogueira, abandonou também a reunião em solidariedade com a sua colega de bancada, o que levou o presidente a afirmar que espera que numa altura em que o concelho enfrenta problemas tão graves “não se opte por uma política de incidentes”.
Já sem os vereadores do movimento de Paulo Varanda (que não esteve na reunião) na sala, o vice-presidente da autarquia, Fernando Amorim, também não quis deixar passar as acusações em claro e revelou, mês a mês, os valores que foram pagos a Élia Figueiredo, entre Janeiro e Setembro de 2013, por trabalho extra, num total de 5 mil 955 euros (661 euros/mês).
Vasco Cunha, do PSD, que diz não ter recordação de um episódio desta natureza, apelou ao bom-senso e à contenção, considerando que este foi “um dos episódios menos edificantes a que assistiu”.