Os presidentes de junta e vários eleitos das freguesias de Vale de Figueira e Póvoa de Santarém não aceitam a união das suas freguesias com São Vicente, no primeiro caso, e com Achete e Azóia de Baixo, na segunda situação.
O descontentamento com o novo mapa de freguesias, aprovado por maioria na Assembleia Municipal de Santarém apenas com os votos do PSD, ficou bem patente nas várias intervenções feitas pelos autarcas na reunião do executivo da Câmara de Santarém, realizada esta quarta-feira, 1 de Agosto.
A intervenção mais emotiva foi a de Manuel Cordeiro, presidente da Junta de Freguesia de Vale de Figueira que, por várias vezes, teve de se sentar por não conseguir falar, tal a emoção que o assolava. Nas poucas palavras que conseguiu pronunciar, o autarca pediu ao executivo para não deixar avançar o processo de fusão, acrescentando que, se necessário, as freguesias iriam levar o caso ao Tribunal Administrativo. “A população é pacífica mas só até determinado ponto”, alertou.
O tom crítico das intervenções em relação à proposta social democrata foi unânime desde o início. Rogério Bernardino, eleito na Assembleia de Freguesia de Vale de Figueira, começou por questionar a ausência de critérios da proposta aprovada pelo PSD, concluindo que, no caso da fusão de São Vicente com Vale de Figueira, o único “critério” que parece existir “é o de criar o cargo de presidente de junta a tempo inteiro”.
Júlio Cabaça, ex-autarca na Póvoa e em Vale de Figueira recordou a fusão entre o Operário e os Leões de Santarém, dois clubes que deram origem ao União de Santarém, que de início era vista como uma vantagem mas que acabou por se revelar um fracasso. O experiente autarca alertou para as rivalidades adormecidas que podem renascer e trazer sérias consequências e questionou o executivo municipal se este estava disposto a ouvir a população e a aceitar a sua decisão.
“Hoje acaba a junta, amanhã fecha a escola… a gente já os conhece”, juntou José Maria Carvalho, presidente da Sociedade Columbófila de Vale de Figueira, antes de César Cordeiro, presidente da Assembleia de Freguesia da mesma localidade, questionar porque é que o presidente da autarquia, Ricardo Gonçalves, não se pronunciou na Assembleia Municipal quando o assunto estava a ser discutido.
Do lado da Póvoa de Santarém, o presidente da junta de freguesia, António João Henriques, disse que andava “doente” com a fusão com Achete e Azoia de Baixo, mas acrescentou que se é mesmo preciso unir freguesias, que o povo possa decidir a quem se quer juntar. “É o povo que há-de dizer para onde quer ir”, disse o autarca, criticando a "pressa" do deputado Nuno Serra (PSD), apontado como o responsável por esta decisão que está a aquecer os ânimos das populações. “Não obriguem as juntas a juntar-se e a pagar a advogados”, rematou o autarca pedindo para o executivo “fazer o possível” para evitar esta decisão contra a vontade das populações.
Em resposta a todos estes argumentos, Ricardo Gonçalves respondeu que “o assunto não está encerrado” e que a autarquia ainda vai discutir o tema.
“Abriu-se um fosso entre Casével e Vaqueiros”
Além dos autarcas de Vale de Figueira e Póvoa de Santarém, quem também marcou presença na reunião de câmara foi o presidente da Junta de Vaqueiros que, na proposta do PSD, se vai unir à freguesia de Casével, cenário liminarmente recusado pela autarquia de Vaqueiros. “Abriu-se um fosso entre Casével e Vaqueiros”, disse Firmino Oliveira, acrescentando que esta decisão está a gerar “uma de situação de conflitualidade grave”.
O autarca diz que a sua freguesia, apesar de pequena, tem serviços indispensáveis á população, como o apoio domiciliário e, com alguma ironia, deixou no ar a possibilidade de a freguesia mudar de concelho.