A Rumo 2020, empresa municipal detida pela Câmara Municipal do Cartaxo, tem um novo conselho de administração formado por Fernando Martins, que é vereador do PS na autarquia, e por Fernando Ramos, funcionário da própria empresa e presidente de Junta de Freguesia de Vale da Pinta, também do PS.
A nomeação do novo órgão ocorreu na tarde de terça-feira, 2 de julho, numa reunião de Câmara extraordinária e convocada com urgência no dia anterior, onde os nomes dos dois novos administradores foram aprovados com os votos favoráveis do PS, a abstenção da CDU, e a ausência dos dois vereadores do PSD.
"Abstivemo-nos porque achamos que é mais um assunto em que não nos devemos estar a meter, e porque o que estava em causa era o pagamento de salários aos trabalhadores", explicou à Rede Regional o vereador Mário Júlio Reis, da CDU.
A nomeação apressada do novo conselho de administração ocorreu porque o anterior presidente, Mário Silvestre, se recusou a assinar os cheques dos salários de junho dos trabalhadores da Rumo 2020, uma vez que pediu a sua demissão da empresa municipal no dia 5 de junho (com efeitos a 31 de maio), ou seja, antes de ter tomado posse como comandante distrital da Proteção Civil.
"Tiveram o tempo mais que suficiente para acautelar esta situação e evitar arranjar um novo conselho de administração à pressa", lamentou Mário Júlio Reis, sublinhando que, "no meio destas confusões, a pergunta mais importante continua à espera de uma resposta: porque é que a Rumo continua em funcionamento, quando já deveria ter sido extinta em fevereiro?"
Bloco de Esquerda sustenta que deliberação está ferida de ilegalidade
Segundo os eleitos do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal do Cartaxo, a deliberação que nomeia o novo conselho de administração da Rumo 2020 está ferida de ilegalidade, uma vez que a reunião de Câmara tinha que ser convocada por edital na sexta-feira anterior, e nunca pelo telefone de véspera, na segunda-feira.
Se a reunião foi convocada ao arrepio da legislação em vigor, nenhuma deliberação tomada poderá produzir efeitos, explicam os eleitos do BE, que, uma vez que não têm assento na Câmara, acrescentam que a impugnação terá que ser requerida pelos vereadores do PSD ou da CDU.