O caso ocorreu no dia 14 de outubro, no jogo entre o União de Tomar e o Sport Lisboa e Cartaxo, a contar para a primeira jornada do Campeonato Distrital de Juvenis, e foi relatado por Paulo Murteira, treinador da formação cartaxeira e pai de João Murteira, o atleta ofendido.
“Após o término do jogo alguém da bancada (que foi identificado pelos agentes da PSP presentes no local), chamou de “Filho da Puta” por diversas vezes ao atleta do SL Cartaxo João Murteira. Este mesmo atleta, que havia perdido a Mãe no passado dia 04/10/23, pediu ao árbitro para tomar alguma medida e que (paço a citar) «tomassem alguma medida porque tinha perdido a Mãe á poucos dias» e referiu também «que eles não estavam a tomar a melhor atitude nem estavam nada bem com aquela passividade perante tal situação»”, relata Paulo Murteira, irmão de Pedro Murteira, treinador do Amiense, que também partilhou a história nas redes sociais.
O técnico continua o relato, dizendo que “de imediato, o árbitro (Carlos Lopes) mostrou ao jogador do SL Cartaxo, João Murteira, o cartão de vermelho” tendo ele próprio questionado o árbitro sobre porquê de aquele cartão vermelho.
“O jovem atleta a única coisa que lhe pediu foi que o pudesse «ajudar», visto estar a passar uma situação muito complicada, e qual a referiu ao árbitro, a única resposta que me deu e paço a citar «não tenho que lhe dar justificações».
Nesse momento, continua Paulo Murteira, “alguns dos jogadores do plantel do SL Cartaxo dirigiram se para a bancada, revoltados com as ofensas de um energúmeno que na bancada continuou a chamar «filho da puta» ao colega da sua de equipa que tem 15 anos e que que havia perdido a mãe á cerca de 1 semana”.
O treinador diz que acalmou os jogadores e, pouco depois, tentou falar com a equipa de arbitragem para tentar explicar a situação, tendo estes reagido “com uma arrogância e uma falta de bom senso que não eram de forma nenhuma ajustada à situação que estávamos a viver e da qual ele já tinha conhecimento”.
Mas o pior estava ainda para acontecer. Quando o delegado do Cartaxo foi buscar a ficha de jogo, Paulo Murteira e o capitão de equipa do Cartaxo também haviam sido expulsos.
“Onde impera o bom senso em tudo isto?”, questiona o treinador, reafirmando que o atleta, seu filho, “teve um comportamento exemplar”, acrescentando que quem tiver dúvidas, “pode confirmar com o agente da PSP (David Rei) que assistiu de perto a tudo e que pode confirmar tudo o que aqui escrevo”.
“Esta é uma situação muito dura para um pai que depois de tudo isto houve estas frases do filho: «venho para o futebol para tentar recuperar da morte da mãe e ainda vou de aqui pior. Não percebo porque o árbitro não me ajudou, esta também é a função dele»”, relata Paulo Murteira, garantindo que não quer nenhuma proteção nem para o seu filho, por terem perdido a esposa e mãe há dias, mas diz que não se pode calar perante uma situação destas.
O técnico elogia o comportamento do treinador e delegado do União de Tomar, que diz terem sido “extraordinários perante toda esta situação”, e para o agente da PSP David Rei “pela forma como deu conforto ao atleta João Murteira”.
CONSELHO DE DISCIPLINA COM MÃO PESADA
No mapa de castigos referente ao jogo em causa, o Conselho de Disciplina teve mão pesada para com os dois jovens de 15 anos. Daniel Sousa, capitão do SL Cartaxo, foi castigado com três meses de suspensão, por alegada conduta violenta, enquanto João Murteira apanhou dois meses por “usar linguagem e/ou gestos ofensivos, injuriosos ou grosseiros”.
Paulo Murteira será alvo de processo disciplinar.
O Sport Lisboa Cartaxo reagiu, entretanto, com “indignação e repúdio” aos acontecimentos e aos castigos e manifestou-se “completamente solidário, com o seu treinador, Paulo Murteira, e com os seus atletas Daniel Souza e João Murteira, e irá até às últimas consequências e instâncias para que situações idênticas não voltem a acontecer.