Algumas zonas das barreiras de Santarém necessitam de uma intervenção “imediata” para precaver eventuais novos desmoronamentos. Esta é a grande conclusão que se pode retirar da apresentação do estudo de estabilidade das barreiras de Santarém, elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que foi apresentado esta quarta-feira, 3 de setembro.
“Não posso dar garantias que não haverá novos desmoronamentos enquanto houver esgotos a céu para as barreiras” afirmou Francisco Salgado, engenheiro do LNEC, que nos últimos anos tem acompanhado o processo de degradação das barreiras de Santarém.
“Desde há dois anos o LNEC tem alertado para a necessidade de atuar de imediato. É urgente iniciar os trabalhos. Quanto à perigosidade não é possível classificá-la numa escala, mas não podemos garantir a segurança da estrada nacional 114″, reforçou o técnico.
Perante uma plateia que incluía autarcas, deputados e responsáveis de vários partidos, Francisco Salgado apresentou um cenário claro de perigo, sobretudo em 4 das 16 encostas da cidade – Santa Margarida, onde ocorreu o deslizamento de agosto; Bairro do Falcão, na zona do cemitério; Estradas das Quebradas; e na encosta virada para a estação ferroviária da Ribeira de Santarém.
Antes já o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD) havia manifestado a sua preocupação com o estado das barreiras, afirmando mesmo que o deslize de terras de 16 de agosto, na zona da EN 114, podia ter tido consequências muito piores. “Felizmente os rails aguentaram a terra porque se não tem aguentado podiam ter morrido duas pessoas”, afirmou.
Ricardo Gonçalves voltou a reafirmar que a estrada não irá reabrir antes de 15 de setembro e que, até lá, terão de ser feitas novas sondagens para verificar o estado da barreira.
Quem paga as obras?
Outra das grandes conclusões que se pode retirar da apresentação do estudo de estabilidade das barreiras é que o grande problema que tem inviabilizado o avançar do processo se prende com a definição de quem vai pagar as obras que tiverem de ser feitas.
Apesar de serem necessários mais estudos e algumas intervenções complicadas, Ricardo Gonçalves diz que as obras de estabilização das barreiras deverão custar entre 18 e 20 milhões de euros, e acrescenta que deverão ser concretizadas ao longo de um período que poderá chegar aos cinco anos.
O autarca lembrou os compromissos assumidos por vários governantes e pediu aos deputados presentes que ajudem a fazer cumprir a resolução 76/2013, que recomenda ao Governo que assegure o financiamento para concretização do Projeto Global de Estabilização das Encostas de Santarém.
Nesse documento da Assembleia da República é recomenda ao Governo que “promova, a breve prazo, os procedimentos necessários e assegure o financiamento, com recurso às fontes de financiamento nacional ou comunitárias que entender como mais adequadas, para a concretização de uma solução duradoura e definitiva para o problema”.
Câmara e Ministério da Economia reúnem esta semana
Durante a apresentação do estudo sobre as barreiras, Ricardo Gonçalves deu conta que ainda esta semana, mais concretamente na sexta-feira, dia 5, irá reunir com o Ministro da Economia, Pires de Lima, para se tentar encontrar plataformas de financiamento que permitam avançar com as obras.
A autarquia solicitou também uma reunião com o Ministério do Ambiente que no entanto ainda não obteve resposta.































