O PS de Santarém coloca muitas reservas em relação à possibilidade da Câmara de Santarém estar em condições de negociar o prometido resgate financeiro que o governo prometeu às autarquias mais endividadas, tendo em conta que “no fundo, trata-se de nada mais que um empréstimo bancário com juros elevadíssimos”.
A questão foi levantada por Carlos Nestal durante uma conferência de imprensa onde o presidente da comissão política concelhia do PS de Santarém afirmou ter dúvidas que a Câmara tenha a capacidade de gerar receitas suficientes para pagar a ajuda financeira que poderá receber através do mecanismo do resgate.
O responsável lembrou que o município já não dispõe das rendas da EDP, uma vez que as antecipou durante o primeiro mandato de Moita Flores, entregou o estacionamento a uma empresa privada, e já cobra o Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI) à taxa máxima, não o podendo aumentar para encaixar mais dinheiro.
“É o resultado do completo descalabro que tem sido a gestão do PSD nesta autarquia, que a tornou na sétima mais endividada do país”, afirmou Carlos Nestal, chamando a atenção para o facto da dívida da Câmara ultrapassar já os 100 milhões de euros, número que pode ser agravado pelos 12 milhões de euros que se encontram actualmente em litígios judiciais.
“Só a dívida a curto prazo a fornecedores chega quase aos 40 milhões de euros”, exemplificou o mesmo, chamando a atenção para o facto do acordo entre o governo e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) para a ajuda às autarquias financeiramente mais asfixiadas prever a redução dos quadros de pessoal e o aumento de todas as taxas municipais e serviços para os limites máximos.
“Temos poucas dúvidas que vamos chegar aos despedimentos, o que vai piorar ainda mais a situação de muitas famílias”, frisou Carlos Nestal, culpando Moita Flores e os seus executivos pela “gestão ruinosa que levou Santarém a esta situação”.
PS pede demissão da administradora da Águas de Santarém
A situação que envolve a Águas de Santarém também mereceu duras críticas por parte de Carlos Nestal e Manuel Afonso, ex-vereador e administrador não remunerado da empresa quando esta ainda era gerida directamente pela Câmara.
“A transformação feita pelo PSD foi um erro total porque a empresa sempre teve técnicos excelentes e pessoal muito capacitado que fez um extraordinário trabalho ao longo de muitos anos, e que agora foram encostados e substituídos por amigos com salários elevadíssimos”, disse Manuel Afonso, chamando a atenção para o facto de existirem hoje problemas constantes a nível do fornecimentos de água e dos munícipes não estarem minimamente satisfeitos com o serviço que lhes é prestado.
Segundo os responsáveis do PS, só a administradora executiva, Marina Ladeiras, aufere um salário superior a 4.000 euros por mês, a que acrescem as deslocações diárias em viatura do município para a sua residência em Cascais. E, na empresa, há mais sete altos quadros dos concelhos de Cascais e Oeiras que ninguém compreende como vieram parar a Santarém, acrescentaram, sugerindo que todo este staff deve ser demitido.
Para Carlos Nestal, a questão da Águas de Santarém ter apresentado um resultado liquido positivo de 725 mil euros “é uma espécie de embuste”.
“É muito fácil apresentar lucros quando se aplica, em média, um tarifário 30% superior aos dos restantes municípios da região. Ou seja, são os munícipes que estão a pagar, não é a empresa que está a funcionar bem”, disse o responsável, considerando estar à vista que o abandono de Santarém do projecto intermunicipal Águas do Ribatejo foi um “erro crasso”.