“Moita Flores, demita-se!” é a primeira expressão de um comunicado do Bloco de Esquerda de Santarém lido com a ajuda de um megafone em frente ao W Shoping na sexta-feira, 20 de Julho, numa iniciativa em que os elementos da concelhia do partido colocaram na calçada uma estátua simbólica em homenagem ao “presidente desconhecido”.
A figura de um homem sem rosto é uma imagem metafórica que assenta na perfeição a Moita Flores, “o presidente ausente em Santarém, mas disponível para a sua pré-pré-candidatura pelo PSD em Oeiras”, sustenta o BE, para quem “a situação da actual presidência da Câmara é um desrespeito para com o povo de Santarém”.
“Vai dizendo adeus, vai distribuindo e redistribuindo pelouros, vai sendo presidente para o que lhe interessa”, mas “não vai às reuniões de Câmara nem à Assembleia”, acusa o Bloco, para quem “nem tudo o que é legal é ético e legítimo”.
A estátua de homenagem ao “presidente desconhecido” serviu também para o BE questionar os montantes gastos em estatuário e esculturas para o Jardim da Liberdade e outros espaços públicos da cidade, tendo em conta “o estado calamitoso das contas da autarquia” e a “desproporção que se adivinha com os gastos em novas obras de arte”. Por desconfiar que a aquisição de estátuas e arte pública ainda não está concluída, Bruno Góis, eleito na Assembleia Municipal pelo BE, apresentou um requerimento neste órgão onde pergunta quantas esculturas estão encomendadas e quais serão os montantes gastos pela Câmara.
A acção de rua do Bloco começou com poesia, através da declamação de um poema da autoria de Bruno Góis, intitulado precisamente “homenagem ao presidente desconhecido”.
Sobre Moita Flores, diz que:
“Entrou por aqui a fora
Para libertar Santarém
Com promessas a cem dias
E conversa a cem à hora.
Enevoado no nevoeiro
Das promessas para as calendas
Da praia do Tejo e outras lendas
Das estátuas, parquímetros e rendas
Legou uma dívida duplicada”.