A esmagadora vitória do PS nestas autárquicas é o primeiro facto que salta à vista quando se olha para os números finais destas eleições, a nível dos 21 concelhos que compõem o Ribatejo.
Além de ter mantido todas as nove Câmaras Municipais onde já detinha a maioria, o PS conseguiu conquistar mais quatro autarquias: Tomar e Entroncamento ao PSD, a Chamusca à CDU, e Salvaterra de Magos ao Bloco de Esquerda.
Em termos absolutos, há a registar o crescimento da abstenção, que subiu dos 40,08% em 2009 para os 46.34% em 2013, e um aumento significativo de representantes das forças partidárias com menor expressão eleitoral e movimentos de cidadãos e independentes.
Mesmo tendo vencido com larga margem as eleições, o PS teve menos votantes que nas últimas autárquicas, mas a maior quebra foi registada pelos social-democratas, que perderam sensivelmente metade eleitorado que votou PSD em 2009.
Santarém, depois do efeito Moita Flores
Na capital do distrito, Idália Serrão conseguiu retirar a maioria absoluta ao PSD e eleger quatro vereadores, os mesmo que a candidatura social-democrata liderada pelo atual presidente Ricardo Gonçalves.
Depois da hecatombe de 2009, ano em que o PSD de Moita Flores elegeu sete vereadores contra apenas dois do PS (e atingir uma percentagem de 64,5%), os socialistas recuperaram perto de 2.000 eleitores, uma subida que, no entanto, não chegou para cumprir o objetivo de vencer as eleições.
O PSD, em termos absolutos (e apesar do número de eleitores ter decrescido em mais de 5.000 votantes), perdeu sensivelmente mais de 10.000 votos, e a maioria na Assembleia Municipal e em várias Assembleias de Freguesia.
Depois de um mandato sem eleitos, a CDU recuperou quase mil votos e volta a sentar um representante no executivo municipal scalabitano, neste caso Francisco Madeira Lopes.
A CDU passa ainda de dois para três eleitos na Assembleia Municipal, órgão onde o Bloco de Esquerda e a candidatura independente Mais Santarém conseguiram também eleger um representante.
A composição do executivo fica assim igual ao de 2005, ano em Moita Flores venceu pela primeira vez a Câmara de Santarém: quatro eleitos para o PSD (Ricardo Gonçalves, Susana Pita Soares, Luís Farinha e Inês Barroso), quatro para o PS (Idália Serrão, António Carmo, Ricardo Segurado e Otília Torres), e um da CDU (Francisco Madeira Lopes).
Destaques e flashes de uma noite de surpresas
Helder Esménio, do PS, é o novo presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, que assim deixa de ser a única autarquia do país gerida pelo Bloco de Esquerda.
Os bloquistas perderam dois dos quatro vereadores que tinham, ao passo que o PS elegeu mais um, passando para três e garantindo a vitória na Câmara, que terá ainda mais um vereador do PSD e outro da CDU.
Refira-se ainda que Ana Cristina Ribeiro, a histórica autarca de Salvaterra de Magos que era cabeça de lista à Assembleia Municipal, perdeu também para o PS, partido que venceu ainda em todas as Assembleias de Freguesia do concelho.
O PSD sofreu ainda mais duas derrotas amargas em Tomar e no Entroncamento, concelhos em que deixa de gerir as respetivas autarquias.
Por terras do Nabão, a socialista Anabela Freitas venceu o social-democrata e presidente em exercício Carlos Carrão por 281 votos e é a nova presidente de uma Câmara que vai ter no executivo representantes da CDU e do movimento Independentes Por Tomar.
Na cidade ferroviária, a candidatura da atual deputada social-democrata Isilda Aguincha perdeu a Câmara para o PS, liderado por Jorge Faria, que, com quatro eleitos, garantiu ainda a maioria absoluta no executivo.
O PSD passa de quatro eleitos para um, o Bloco de Esquerda manteve o seu vereador e a CDU entra no executivo municipal no mandato que se aproxima.
No Cartaxo, outro concelho em que o PSD apresentou como cabeça de lista um deputado eleito pelo círculo de Santarém, o partido laranja registou outra derrota significativa.
Em relação a 2009 (ano em que o cabeça de lista foi Paulo Neves), o PSD, liderado por Vasco Cunha, perdeu cerca de 1.100 votos num concelho onde o socialista Pedro Magalhães Ribeiro é o novo presidente da Câmara, mas sem maioria absoluta.
O PS venceu e elegeu três vereadores, contra dois do movimento independente liderado pelo ainda presidente de Câmara Paulo Varanda, que entrou em rutura com a concelhia socialista local, liderada precisamente por Pedro Magalhães Ribeiro.
Mesmo assim, apenas com 19,5% dos votos, o PSD mantém os dois vereadores que já tinha no executivo, e a CDU perdeu o seu eleito.
Na Chamusca, a derrota foi da CDU, que perdeu para o PS de Paulo Queimado um dos bastiões que tinha no distrito.
Vitórias esmagadoras e à tangente
Em Abrantes, a presidente Maria do Céu Albuquerque conquistou o quinto vereador para o PS, num concelho em que a candidatura do PSD encabeçada por Elza Vitório perdeu um dos dois eleitos que tinha no executivo municipal.
Em Almeirim, e depois de um período de campanha eleitoral marcado por uma enorme crispação, Pedro Ribeiro foi eleito quase com 60% dos votos, tendo ganho ainda com margens esmagadoras a Assembleia Municipal e as Assembleias de Freguesia.
Os resultados marcam ainda a saída da política pela porta pequena do histórico autarca do PS José Sousa Gomes, que, depois de mais de 20 anos na presidência da Câmara de Almeirim, opou por dar a cara por um movimento liderado pela sua atual chefe de gabinete, Rosa Nascimento, e que valeu apenas 809 votos nas urnas.
O MICA, que em 2009 tinha sido a segunda força política mais votada no concelho, perdeu cerca de 1.500 votos (teve um resultado ainda pior que o Movimento Zé Gomes) e ficou sem o eleito que tinha na Câmara, tendo ainda perdido outros dois na Assembleia Municipal.
Em Ourém, Paulo Fonseca desceu bastante em relação aos resultados de 2009, mas conseguiu segurar a Câmara para o PS, tendo vencido a candidatura social-democrata de Luís Albuquerque por apenas 120 votos.
No próximo mandato, PS e PSD têm três eleitos cada um, sendo o sétimo Vítor Frazão, que conseguiu ser eleito por um movimento independente.
Onze concelhos sem grandes surpresas
Nos restantes 11 concelhos dos 21 que compõem o distrito, os resultados não apresentaram grandes surpresas.
Do lado da CDU, Mário Pereira em Alpiarça, Carlos Coutinho em Benavente e Júlia Amorim em Constância venceram facilmente as eleições, mantendo assim os três concelhos para esta força partidária.
No que se refere ao PS, Francisco Oliveira sucede tranquilamente a Dionísio Mendes, mas perdeu um vereador para o PSD, que conseguiu eleger Liliana Santos Pinto para o executivo da Câmara Municipal.
Na Golegã, onde o executivo de 2009 – 2013 foi monocolor, o socialista Rui Medinas é o novo presidente da Câmara, mas sem a maioria absoluta.
O movimento independente liderado por Nair da Luz, com o apoio do histórico presidente Veiga Maltez (depois da rutura anunciada com o PS) conseguiu eleger dois vereadores, a que se junta um outro do PSD.
Na Barquinha, Miguel Pombeiro, por ter atingido a limitação de mandatos, deu lugar a Fernando Freire, que venceu estas autárquicas com sensivelmente as mesmas percentagens que o PS tinha conseguido em 2009.
Ainda dentro das Câmaras socialistas, Fernanda Asseiceira em Alcanena manteve-se como presidente da autarquia.
No que se refere às Câmaras já geridas pelo PSD, não houve surpresas em Mação, onde Vasco Estrela sucede a Saldanha Rocha, no Sardoal, onde Miguel Borges sucede a Fernando Moleirinho, em Ferreira do Zêzere, com a reeleição de Jacinto Flores, e em Rio Maior, onde a presidente Isaura Morais voltou a vencer com maioria absoluta.