Os números foram revelados esta sexta-feira, 3 de novembro, pelo presidente do Politécnico de Santarém, João Moutão, durante a sessão de abertura do ano letivo 2023-2024, que juntou cerca de duas centenas de pessoas no auditório da Escola de Saúde, e que serviu também para premiar alunos e professores que se destacaram no passado ano letivo.
João Moutão adiantou igualmente que o número de alunos que escolheu o Politécnico de Santarém como primeira opção aumentou 15% relativamente ao ano anterior, dados que revelam que a notoriedade da instituição é cada vez maior.
“Estamos empenhados em prestar educação que vai muito além da sala de aula”, disse o responsável, referindo que os alunos são cada vez mais motivados a participar em projetos de voluntariado ou investigação, que enriquecem o percurso académico e formam melhores indivíduos.
Lembrando que há não muito tempo, em 2019, o Politécnico de Santarém ultrapassou pela primeira vez os 4 mil alunos inscritos num ano letivo, João Moutão acredita que em breve será ultrapassado o número icónico de 5 mil estudantes.
Mas o responsável máximo da instituição está consciente que “não é só ter cá os estudantes”, é preciso “ter as condições adequadas para os ter” e “envolver toda a sociedade”.
João Moutão adiantou que o Politécnico de Santarém tem atualmente cerca de 11 milhões de euros de investimentos em curso, a maior parte no alojamento estudantil, com 3 novas residências em Rio Maior, na antigo Colégio Andaluz e na Agrária, mas também em projetos de eficiência energética e na requalificação de edifícios e equipamento mais antigo.
ESTUDANTES INSATISFEITOS
Mas nem tudo são rosas na vida académica de Santarém e Rio Maior e os alunos, através do seu representante nesta cerimónia de abertura, André Pinto, não pouparam nas críticas, referindo que estão insatisfeitos e que ainda não foi tudo feito, nomeadamente em termos de alojamento e da vida académica depois das aulas.
“É preciso cativar estudantes”, disse André Pinto, que lembrou que há colegas que não têm cá alojamento e vão a casa todos dias a casa, às vezes bem longe, por não terem condições para alugar um quarto.
“Batalhar na saúde mental”, no desporto e no associativismo, foi outra das necessidades apontadas pelo representante dos alunos que afirmou perante todos que “há colegas que não conseguem fazer um evento na própria escola”, o que faz com que se corra o risco de alguns partirem à procura de outras instituições.
Apesar de crítico, o discurso mereceu elogios dos restantes membros da mesa. O presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, disse que “qualquer território que tenha a sorte de ter ensino superior tem uma riqueza que não pode ser ignorada”, mas referiu que se no passado foi muito crítico com a ausência de soluções, ao nível do alojamento, hoje gostava de agradecer por o Governo ter colocado este assunto no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
O autarca lembrou que Rio Maior vai ter em breve 170 camas para estudantes, entre a residência da Escola de Desporto e investimento direto da câmara e garantiu que, pelo menos no que diz respeito às obras que estão a cargo da autarquia, estarão prontas em junho do próximo ano.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, aceitou e reforçou as críticas dos alunos, reconhecendo que, muitas vezes, Santarém “é mais madrasta que mãe” para os estudantes.
“Não é só a noite académica. Muitas vezes olham mais para o barulho que para o resto”, disse o autarca, exemplificando com o recente desfile académico, em que várias pessoas preferiram apontar o dedo ao lixo que ficou do que à beleza da festa.
“Queremos que deixem aqui raízes”, disse o autarca aos alunos, apontando depois o dedo ao Governo, que fomenta “um país afunilado nas áreas metropolitanas de Porto e Lisboa”, e que, no caso, das residências de estudantes “falhou em toda a linha”, após prometer 12 mil camas em residências até 2020, fazendo pouco mais que zero.
Ricardo Gonçalves lembrou o caso de Santarém, em que a autarquia disponibilizou os prédios da antiga EPC, mas o Governo não aprovou o projeto, o mesmo acontecendo com investimentos de 5 milhões na Agrária, perdidos “por incúria presidente do INIAV.
Uma resposta