Implantada numa área de 3,254 hectares e com 101 proprietários aderentes, a zona de intervenção florestal (ZIF) de Aldeia do Mato, no norte do concelho de Abrantes, foi uma das primeiras em Portugal e é hoje considerada um exemplo de ordenamento da floresta.
Esta sexta-feira, 13 de dezembro, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, visitou a ZIF e aproveitou a ocasião para anunciar um pacote legislativo, em fase de conclusão, que permitirá uma maior agilização na constituição destas estruturas, nomeadamente através a diminuição de uma série de processos burocráticos, como forma de reforçar o papel das estruturas no ordenamento florestal do país e para facilitar o acesso a fundos comunitários.
Assunção Cristas revelou que esta é uma ZIF exemplar num sector que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e 11% de exportação de bens, pelo que deve ser olhado de outra forma.
A ministra confirmou que há exigências em demasia para a constituição destas estruturas, pelo que o novo pacote prevê ainda mais poderes para as entidades gestoras.
António Cruz, presidente da ZIF de Aldeia do Mato, revelou as enormes dificuldades sentidas em 2005, quando se iniciou o processo, devido às dúvidas levantadas por muitos proprietários.
“Pensavam que iam perder a posse das terras, que não podiam vender árvores ou que perdiam poder de trabalhar os seus terrenos, o que não é verdade”.
A ZIF é precisamente o oposto; trata-se de uma espécie de condomínio em que, sem gastos, os proprietários aderentes vêm a floresta limpa, o que diminui drasticamente a possibilidade de ocorrência de incêndios sem que estes percam qualquer domínio das suas terras.
Por outro lado, a entidade gestora das ZIF’s pode definir áreas de arborização com novas espécies, sem ser o eucalipto.
Num dos terrenos está a ser constituído um mosaico de pinheiro manso, o que, segundo André Nunes, da Gestiverde, empresa gestora desta ZIF, pode servir de tampão para um incêndio florestal e, em poucos anos, constituir uma fonte de rendimento para os proprietários.
A Gestiverde está a trabalhar parcerias com universidades, para implementação de novas culturas florestais, e com apicultores para que as colmeias espalhadas nestas zonas possam promover, de forma mais rápida, a polinização cruzada.
“Gastei pouco dinheiro e agora a minha floresta está mais segura”, afirmou Francisco Barroso, proprietário de três parcelas que no total perfazem 20 hectares, garantindo que a ZIF foi uma mais valia, depois de ver visto, em 2005, todas as suas árvores consumidas pelos incêndios.
ZIF exemplar no país
A ZIF de Aldeia do Mato foi uma das primeiras a ser constituídas no país e é, hoje, considerada uma estrutura exemplar pelo trabalho desenvolvido no ordenamento florestal.
Criada em Agosto de 2008, através de portaria, a ZIF tem atualmente 101 proprietários de pequenas parcelas florestais e tem uma área de abrangência de 3,254 hectares.
Neste momento esta estrutura pondera mesmo um alargamento face á possibilidade de novos proprietários estarem interessados em integrar a estrutura.
Sem custos para os aderentes ou associados já foram desenvolvidos dois projetos concretos nesta área, um deles entre maio de 2012 e maio de 2013 com um investimento de 174 mil euros gastos em trabalhos de recuperação de áreas ardidas, desmatação e arborização de área de matos.
Este projeto envolveu térreos de 25 sócios desta ZIF.
Desde junho deste ano, está em curso um segundo projeto para uma área de 975 hectares e que representa um investimento de 971 mil euros em implementação de estruturas de defesa da floresta, mosaicos de gestão de combustível e limpeza da floresta nas zonas de aglomerados populacionais e redes viárias.
Paralelamente a estas atividades, desenvolveu ainda uma série de ações de sensibilização para a prevenção dos fogos florestais.
Esta ZIF, para além da direção e assembleia geral, tem como entidade gestora a empresa GestiVerde, que disponibiliza a assessoria técnica de um engenheiro zootécnico e um engenheiro florestal para além de todos os serviços das candidaturas de novos projetos a fundos comunitários.