Criada por dois investidores indianos, a Mibo é o primeiro negócio no âmbito do programa Startup Visa a ser criado numa das incubadoras geridas para Associação Empresarial da Região de Santarém (NERSANT) e esteve recentemente na Web Summit, um dos mais importantes eventos mundiais de tecnologia, empreendedorismo e inovação, que se realizou em Lisboa, e onde foi considerado como um dos 20 produtos mais interessantes criados por startups.
Em traços gerais, e de uma forma simples, a Mibo parte da ideia de que apenas cerca de 20% da longevidade humana é ditada pela nossa genética e os outros 80% são ditados pelo estilo de vida, que é em grande parte autodeterminado por cada um de nós.
Com os 100 anos de idade a serem os antigos 60, devido a todo o progresso que aumentou a longevidade média humana, é necessário garantir que os últimos anos de vida sejam passados com a melhor qualidade de vida possível, pelo que a Mibo (junção de mind and body – mente e corpo, em português) propõe-se a fazer uma espécie de check-up do paciente através de uma simples selfie.
Sistemas de inteligência artificial analisam a imagem e, com a ajuda de outros parâmetros como a idade, a altura e o peso, recolhem dados como a pressão arterial ou massa corporal, estabelecendo uma série de dados médicos, de alta fiabilidade, que podem depois ser utilizados na prevenção e percepção de riscos de doenças e na sugestão de comportamentos corretivos.
Aseem Gupta, um dos investidores ligados a este negócio, explicou nesta apresentação que o objetivo inicial foi criar um sistema que permitisse fazer um checkup num minuto e por apenas 1 euro, desafio que está a ser correspondido e em permanente evolução, com novos parâmetros analisados.
A empresa está a desenvolver também uma espécie de sensor para utilizar no vestuário, que permite medir vários parâmetros (tempo sentado e de pé, que lado do corpo é mais utilizado, etc) e que acredita irá revolucionar o setor do vestuário.
UM DIA HISTÓRICO PARA A REGIÃO
A Mibo, Lda está a ser acompanhada e apoiada desde o início pelos técnicos da NERSANT mas também pelo Instituto Politécnico de Santarém, cujo presidente, João Moutão, considera que este é “um dia histórico para a região porque sabemos a importância desta cooperação” entre escolas, empresas, associações e autarquias.
João Moutão acredita que este é um projeto “altamente transformador do futuro e considera que a região tem “condições privilegiadas” para, trabalhando em conjunto, trazer mais talento e mais inovação”.
O presidente da direção na NERSANT, Domingos Chambel, recordou que os primeiros contactos com os investidores indianos foram feitos em 2019 e que, desde então, o trabalho de cooperação tem sido fundamental para o negócio avançar.
Domingos Chambel defende também as parcerias com a autarquia e a “massa cinzenta” do Politécnico de Santarém, e defende que “a nossa grande riqueza é o conhecimento”, assim como a vontade intrínseca dos empresários e a sua ambição para desenvolverem as suas empresas e as suas tecnologias.
“Estamos muitos satisfeitos por ter escolhido esta região para desenvolver o seu projeto e gostar de cá estar”, terminou, dirigindo-se a Aseem Gupta.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, manifestou a disponibilidade da autarquia para continuar a apoiar e, se necessário, desenvolver a Startup Santarém. O autarca lembrou ainda que na última década o município, além de estreitar relação com a NERSANT, lançou vários apoios e isenções para investidores que queiram apostar no concelho.