O Crédito Agrícola de Salvaterra de Magos está quase há ano e meio para cumprir duas decisões judiciais que obrigam esta instituição bancária a fornecer a listagem completa dos seus associados a um grupo de sócios que quer concorrer às eleições para os órgãos diretivos.
Ainda esta semana, um elemento deste grupo de cooperantes deslocou-se ao balcão da vila ribatejana onde, mais uma vez, não lhe foi entregue a informação que solicitou.
“Nem sequer uma declaração me passaram a dizer concretamente o que eu fui lá fazer, deram-me um papel onde está escrito que fui tratar de assuntos do meu interesse”, explicou à Rede Regional João Delgado, para quem esta situação “já ultrapassou todos os limites”.
O grupo descobriu recentemente que o Crédito Agrícola marcou uma Assembleia Geral Extraordinária para 18 de março, e teme que a mesma sirva para fazer aprovar expedientes que dificultem ainda mais a sua intenção de formar uma lista concorrente.
Um braço de ferro que já leva dois anos
Além de exigir o cumprimento do que foi decidido pelos tribunais, este grupo de sócios suspeita que a teimosia em não fornecer as listagens completas esteja relacionada com eventuais irregularidades graves na gestão do banco.
Segundo os estatutos do próprio Crédito Agrícola, a formação de lista para concorrer aos órgãos diretivos obriga à recolha das assinaturas de 10% dos associados, que serão cerca de 7 mil, segundo João Delgado.
Sem a informação completa dos cooperantes, “nunca teremos capacidade para apresentar o nosso projeto a votos”, acrescentou.
Recorde-se que, em dezembro de 2015, o Tribunal de Benavente anulou todo o processo eleitoral para os órgãos sociais desta Caixa, no seguimento de uma providência cautelar interposta por um sócio, António Azenha Dias, a quem foi negada esta informação.
A sentença é clara ao obrigar a Caixa Agrícola a fornecer as listagens completas dos associados aos proponentes, e já foi confirmada pela Relação de Évora e pelo Supremo Tribunal de Justiça.
O Crédito Agrícola não só não cumpriu a decisão, como marcou novas eleições para dezembro de 2016, que, desta vez, foram anuladas pelo Tribunal do Comércio de Santarém, no seguimento de uma segunda providência cautelar entregue por João Delgado, com os mesmos argumentos da primeira.
Este grupo de sócios tem pressionado o banco para que cumpra a lei, mas está num verdadeiro braço de ferro com os atuais órgãos diretivos, que gerem o Crédito Agrícola há muitos anos e onde existe, segundo os mesmos, relações muitos próximas de família e amizade entre vários membros.
Caso consigam ser eleitos para a direção, uma das primeiras medidas vai ser a realização de uma auditoria externa à gestão do Crédito Agrícola, segundo explicaram à Rede Regional.
A Rede Regional esteve no balcão de Salvaterra de Magos e tentou obter esclarecimentos junto da atual direção da instituição, que optou por prestar declarações.