A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) deu a conhecer aos empresários do Ribatejo as suas propostas para a nova política industrial para o século XXI, durante um debate promovido pela Nersant, em Torres Novas.
A estratégia de reindustrialização do país passa por um novo programa de desenvolvimento da indústria e dos bens transacionáveis, baseado num conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo que transforme a velha indústria em “novas fábricas do futuro”, segundo o que foi defendido pelos responsáveis da CIP.
“Em Portugal, a agricultura e a indústria representavam em meados dos anos 90 quase 30% do PIB, quando hoje representam apenas 16%. Neste contexto, é imperativa uma nova política industrial centrada na competitividade das empresas e que desse modo possa assegurar um crescimento sustentado das exportações”, disse Mira Amaral, presidente do Conselho da CIP e responsável pelo estudo do novo programa.
Perante uma plateia de mais de meia centena de empresários, o ex-ministro preconizou um retorno a uma indústria de um novo tipo, “uma indústria que utiliza ao máximo as tecnologias da informação, comunicação e localização mais avançadas e a robótica para desenhar, projetar e produzir produtos a partir da recolha das necessidades e dos gostos dos clientes”.
Este novo modelo – já denominado “Indústria 4.0” ou a “4.ª Revolução Industrial” – corresponde no fundo à introdução em pleno das tecnologias digitais nas empresas, segundo Mira Amaral.
“Neste contexto, o conceito de reindustrialização em Portugal não se pode confundir com a retorno à indústria do passado mas deve sim estar associada ao conceito da Nova Fábrica do Futuro baseada numa política industrial centrada em indústrias a operar em mercados internacionais abertos e concorrenciais, com empresas e instituições de I&DT de topo a nível mundial que operem num quadro de previsibilidade legislativa”, afirmou.
No seminário, a presidente da direção da Nersant referiu que “em boa hora a CIP organizou este ciclo de conferências. Sabemos que a indústria tem vindo a perder algumas empresas, mas temos consciência da importância da mesma, principalmente pelo novo tipo de emprego que vai poder criar nas áreas tecnológicas e da inovação”.
Para Maria Salomé Rafael, “este novo paradigma da indústria 4.0 vai em breve ser uma realidade”.
O presidente da CIP, António Saraiva, apresentou aos empresários presentes o “Compromisso para o relançamento Industrial e Competitividade”, um documento através do qual os signatários assumem o desígnio do relançamento industrial em Portugal e a ambição de atingirem, em 2020, um peso da indústria no VAB total de 18%.
Sendo os fundos comunitários “a última oportunidade para a reindustrialização do país”, a SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação, esteve representada na sessão por Susana Seabra, que fez uma apresentação sobre o ponto de situação da aplicação do Portugal 2020 às empresas portuguesas, e que validou, no fundo, aquilo que a Nersant tem vindo a reivindicar, e que é o facto de “o Portugal 2020 ter taxas de aprovação baixas”.