O azeite vai voltar a estar na ordem do dia em Abrantes de 22 a 24 de Fevereiro, durante o II Encontro Ibérico do Azeite, uma iniciativa que pretende debater esta fileira desde a produção, transformação, comercialização e até aos apoios financeiros disponíveis no próximo quadro comunitário de apoio.
Nestes dias, o cineteatro S. Pedro vai acolher o simpósio sobre o azeite no qual se vão debater temas como a investigação e tecnologia, a valorização dos subprodutos dos lagares, a importância sensorial na qualidade dos azeites, a internacionalização, os mercados emergente, ou o futuro do azeite e a sua importância na agricultura portuguesa, entre muitos outros.
Um dos painéis deste simpósio vai ser a apresentação do próximo quadro de apoios da união europeia, um painel que vai contar com a moderação do diretor regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo e responsáveis do gabinete de planeamento do Ministério da Agricultura.
“Poderá ser uma oportunidade para os produtores e transformadores perceberem que apoios poderão vir a ter nos próximos anos”, sustentou Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, durante a conferência de imprensa que serviu para apresentar a iniciativa.
Este encontro, bianual, conta com uma mão cheia de entidades na comissão organizadora, incluindo jovens do ensino superior, para que as temáticas sejam abrangentes e para que se possa discutir, de forma séria e com objetivos, esta fileira importante para o país e para a região de Abrantes.
O encontro é da responsabilidade máxima da Câmara Municipal de Abrantes, e tem uma comissão organizadora que envolve também a Associação Agricultores Abrantes, Sardoal e Mação, a Associação dos Agricultores do Ribatejo, a Associação Centro Comercial Ar Livre, a Associação Comercial e de Serviços de Abrantes, Constância e Sardoal, a Casa do Azeite, a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, o Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, o IAAS Portugal, a INOVLINEA / Centro de Inovação Indústria Agroalimentar, e os produtores SAOV e Vítor Guedes.
A presidente da Câmara Municipal de Abrantes salientou que o papel da autarquia passa por potenciar e ajudar a promover os produtos de excelência de um concelho que tem seis produtores de azeite com provas dadas, para além de uma história ligada a esta fileira com cerca de dois mil anos.
A autarca revelou que o simpósio vai contar com vários especialistas de renome o que, por si só pode fazer o cartaz deste encontro.
Sobre o carácter ibérico, a autarca disse que esse é o objetivo, que o caminho está a ser percorrido mas que Espanha está, na fileira, uns passos mais à frente.
Mesmo com um investimento considerável, embora não tenha divulgado os montantes, Maria do Céu Albuquerque destacou o facto de ser um valor inferior ao investido há dois anos mas com o facto de não ter apoio do ModCom como em 2011.
Paralelamente a este simpósio, vai decorrer na antiga garagem da Rodoviária do Tejo, no centro histórico da cidade, o Fórum do Azeite. Será um espaço com venda de azeite e produtos regionais, provas de azeite, exposições, um "show cooking" em parceria com a Escola Superior de Hotelaria de Cascais, e até um espaço para cosmética com azeite, entre outras ofertas.
No mesmo período, alguns restaurantes do concelho vão ter o Festival Sabores do Tejo com Azeite, no sentido de potenciar o encontro mesmo fora dos dois espaços onde o mesmo decorrerá.
"Abrantes, uma terra com os azeites" é um slogan que pretende salientar as coisas boas do azeite e não o sentido depreciativo que, normalmente, damos à expressão “estar com os azeites”, ou seja, estar zangado ou irritado.
Na conferência de imprensa, Nuno Russo, diretor regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo destacou o sucesso que foi o primeiro encontro, em 2011, e que no encontro um dos temas a ser debatido terá a ver com o futuro da política agrícola, de grande importância para um sector que conta com muitos apoios da estrutura que dirige.
No final da apresentação foram divulgados alguns dados provisórios que a ultima campanha do azeite representou um aumento de dois dígitos nas exportações e com incidência dos mercados brasileiro e angolano e, a médio prazo, o chinês.
Abrantes, dois mil anos de história no azeite
A Câmara Municipal de Abrantes assumiu, em 2011, uma vontade de recolocar o azeite no centro das atividades económicas do concelho, uma vez que se tratade um produto com ligações históricas com cerca de dois mil anos.
Foi em 1860, com a fábrica União Industrial, Lda., que Abrantes se desenvolveu enquanto região produtora de azeite, contando com várias marcas de azeite conhecidas: a Salutar, a Andorinha, e uma das mais conhecidas a nível nacional e internacional, a Gallo.
Além de 11 lagares de azeite em funcionamento, na região de Abrantes existem 1844 explorações com olival num total de 7009 hectares que produzem 7028 toneladas de azeitona. A azeitona predominante é a “galega”, que depois dá origem a um azeite de sabor de fruta doce.
O concelho tem atualmente seis produtores que colocam as suas marcas nos mercados nacionais e internacionais: a Casa Anadia, a SAOV (Cabeço das Nogueiras), Víctor Guedes (Gallo), Zé Bairrão, Val Escudeiro e Ourogal.
