Há muito que os problemas financeiros são conhecidos, com jogadores a reclamarem dívidas e prémios da época passada, mas a situação agravou-se nos últimos tempos, levando mesmo à intervenção do Sindicato dos Jogadores (SJ), que esta quarta-feira, 18 de janeiro, reuniu com o grupo de trabalho e acionou o fundo de garantia salarial.
“Os jogadores têm enfrentado uma situação particularmente difícil desde o início da época, face à instabilidade diretiva e aos atrasos sucessivos no pagamento dos salários, não se verificando, neste momento, apesar dos contactos regulares com a administração da SAD, uma solução que garanta a sustentabilidade financeira do clube”, refere o SJ.
O fundo de garantia salarial, que visa responder a situações urgentes relacionadas com faltas de pagamentos a atletas, já tinha sido acionado no final de 2022 mas como, até ao momento, não foi apresentada uma solução concreta, o sindicado, “face ao agravamento das condições laborais”, voltou a acionar o mecanismo “de modo a responder às necessidades mais urgentes dos atletas”.
O sindicato, que já informou a Federação Portuguesa de Futebol do que está a acontecer, aguarda uma solução para os problemas financeiros mas refere que, “a não existir, comprometerá a permanência dos jogadores ao serviço do clube”.
Em declarações ao diário desportivo Record, o presidente da Rio Maior SAD, Heitor Oliveira, diz que a situação que se verifica “não é nada do outro mundo”, e acrescenta que a sociedade não deve nem às Finanças nem à Segurança Social, não referindo no entanto como pensa liquidar as dívidas aos atletas e equipa técnica.
UM PROJETO SEM DINHEIRO E COM MUITAS DIVERGÊNCIAS
Várias fontes contactadas pela Rede Regional falam da criação da SAD como um projeto sem dinheiro e com muitas divergências entre as duas principais caras da sociedade anónima desportiva, o brasileiro Heitor Oliveira e o português Fernando Oliveira.
“Enquanto correu bem desportivamente, embora com atrasos, o dinheiro ia aparecendo”, contou ao nosso jornal um dos elementos do plantel, explicando que, mesmo na época passada, em que o clube venceu o distrital de Santarém e subiu aos nacionais, os jogadores terminaram com dois meses em atraso e a equipa técnica quatro meses.
Outra fonte refere que o problema piorou quando Heitor e Fernando Oliveira se incompatibilizaram, ao ponto de praticamente não falarem um com o outro. Surgiu então na história o empresário brasileiro Geraldo Silva, que terá estado na constituição do plantel da presente temporada, mas que não consumou o prometido, acumulando dívidas e promessas por cumprir.
Ao aperceber-se das dificuldades e incumprimentos da SAD, que incluíam dívidas de alojamentos e pagamentos de refeições de atletas, a comissão administrativa do Rio Maior Sport Clube, que tem participação social na SAD, tentou aguentar a situação mas, a 17 de dezembro, jogadores e equipa técnica decidiram deixar de treinar, situação que se manteve até 5 de janeiro, tendo a equipa realizado apenas dois treinos antes de defrontar o União de Santarém (8 de janeiro), jogo marcado pela saída do treinador Gonçalo Carvalho, campeão da época passada e que tinha regressado em novembro para tentar aguentar o barco.
O Clube tem uma assembleia geral marcada 27 de janeiro, tendo como ordem de trabalhos a apresentação, discussão e votação do relatório e contas referentes ao ano de 2022 e a reformulação e alargamento da comissão administrativa. A Rede Regional tentou falar com Mauro Pulquério, um dos responsáveis da comissão administrativa, mas tal não foi possível até ao momento.
Refira-se que a RMDMD – Rio Maior Sport Clube – Futebol SAD foi constituída a 4 de outubro de 2021, com um capital social de 50 mil euros e um montante realizado de 25 mi euros. No mesmo dia foram nomeados para o Conselho de Administração Heitor Oliveira, com o cargo de presidente e gestor executivo, David Oliveira (vice-presidente e gestor executivo) e Mauro Pulquério (vogal).