Sex, 23 Maio 2025

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Os melhores momentos de Elisabete Jacinto em Santarém

elisabetejacinto

 

“Cada fotografia é uma história, um momento”. É com esta frase que Elisabete Jacinto, uma das mulheres com maior experiência no todo-o-terreno de elite, com várias participações no mítico Paris-Dakar e no África Eco Race, resume a exposição de fotografias inaugurada esta sexta-feira, 20 de novembro, no piso 1 do centro comercial W Shopping, em Santarém.

Histórias vividas em países com modos de vida onde as mulheres nem sequer podem tirar a carta de condução ou, como refere a piloto portuguesa, de 51 anos, natural do Montijo, “nem sequer podem mostrar a cara”.

“Tenho consciência que sou um arrojo para essas pessoas, essas mulheres e esses países”, admite Elisabete, confessando que lhe deu um prazer muito grande quando há dois anos, pela primeira vez, passados estes anos todos, conseguiu dar uma entrevista para um órgão de comunicação social na Mauritânia. “São os sinais dos tempos e foram imagens que certamente ajudaram a passar alguma mensagem. Deu-me uma satisfação muito grande”, conclui.

Já na caravana, não há diferenças. Elisabete Jacinto recorda um comentário de JeanLouis Schlesse, piloto francês que agora está ligado à organização de algumas das maiores provas de todo-o-terreno, incluindo o África Eco Race, que informava algumas pessoas que naquele ano ia correr uma mulher para logo corrigir que, para eles, Elisabete não é uma mulher. “Eles já me conhecem há vários anos e não há nenhuma discriminação. Sou considerada como um deles”, remata a piloto portuguesa.

No entanto, nem sempre foi assim. Elisabete Jacinto recorda-se do primeiro ano em que competiu nos camiões e em que ninguém a acreditava que era eu que ia conduzir. “Pensavam que eu aparecia para a fotografia e depois era um homem que ia a conduzir. Eu fazia questão de não largar o volante, nem que andasse a bater com a cabeça dia e noite, cheia de sono, porque se alguém me visse no banco do lado nunca mais ia acreditar que era eu que conduzia. Ainda hoje não passa o volante a ninguém”, garante.

 

Uma foto (ainda mais) especial

Todas as 28 fotos do fotógrafo Jorge Cunha expostas no W Shopping contam uma história especial mas há uma que Elisabete Jacinto destaca por mostrar aquele que foi simultaneamente um dos seus melhores e um dos seus piores momentos no África Eco Race.

“O meu camião esteve deitado em cima deste tufo de erva porque, pela primeira vez na vida, vou numa etapa e vejo os camiões Kamaz (camiões russos com bastantes vitórias no todo-o-terreno) e percebi que me estava a aproximar deles. Com todo o arrojo, o mecânico que vai comigo tocou na sentinela, que é o botão que pede ultrapassagem, eles deram e eu, de repente fiquei à frente dos Kamaz, que era aquela coisa que eu pensava que nunca ia acontecer na vida. E fiquei de tal forma contente e feliz que entrámos num rio seco muito estreitinho, abrandei um bocadinho, mas como ia com a adrenalina no auge não consegui abrandar o suficiente e, quando vou a fazer, a curva o camião sobe o tufo de erva e deita-se. E depois foram eles que me ajudaram a por o camião direito”, recorda Elisabete Jacinto, rematando com um “não imaginam a humilhação de ter o camião deitado.

 

23 anos sempre a abrir

Elisabete Jacinto teve o primeiro contacto direto com as motos aos 21 anos, altura em que, ainda na faculdade, começou por tirar a carta e depois passou a ir de mota para a universidade, onde concluiu a licenciatura em Geografia.

Como a moto tinha guarda-lama alto, tipo motocross, decidiu inscrever-se num clube todo o terreno e, um dia, o marido, que já tinha comprado uma moto mais potente, deixou-lhe a 125 cc e decidiram ir fazer um passeio.

A experiência não foi a melhor. Caiu algumas vezes e acabou por partir o radiador e ficar a meio. Ainda assim perceberam que aquele era o hobbie das suas vidas mas tinham um problema: as motos não prestavam. “Estivemos um ano inteiro em casa, sem ir a lado nenhum, para juntar dinheiro, e no final compramos uma moto para cada um”, recorda.

Em 1992 realizou a primeira prova – a Grandola 300 – e nunca mais parou. Pouco depois estava a cumprir o sonho da maioria dos amantes do todo-o-terreno – participar no mítico Paris-Dakar, uma obsessão durante os 4 anos em que participou nas motos mas que terminou com algum desencanto, ao sentir-se muito frustrada quando não conseguiu fazer a quinta, por falta de apoios.

“Foi ai que tomei a decisão firme de acabar a competição. No momento que tomei esta decisão senti-me bem, respirei fundo mas depois pensei: espera ai, porque é que eu não participo de camião… é muito giro e nunca nenhuma mulher fez… e depois de ter feito o Dakar de mota nada vai ser mais difícil”, relembra com um brilho nos olhos.

Quando chegou a casa, perguntou ao marido o que ele achava e pouco tempo depois estava a tirar a carta de pesados e a estrear-se nos camiões. Até hoje…

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