Começou a jogar futebol com 11 anos de idade e é, neste momento, o jogador mais velho inscrito na Associação Futebol de Santarém. Referimo-nos a Norberto, guarda-redes da Casa do Povo do Pego, de 44 anos (26 agosto de 1971). Na sua já longa carreira – 33 anos a jogar -representou os emblemas do Benfica de Abrantes, Sporting de Abrantes, União de Tomar, Alcaravela, Foros do Arrão, Eléctrico, Gavionenses, Casais Revelhos, Dragões de Alferrarede e Pego, onde está há duas épocas.
Iniciámos uma breve conversa com Norberto, perguntando-lhe o que significa para ele, ser o jogador mais velho inscrito na AF Santarém. “Não significa nada de especial, simplesmente, poderá ser um exemplo para os mais novos”, respondeu-nos.
Tendo já disputado 19 jogos nesta temporada, Norberto diz pensar jogar, pelo menos, mais duas épocas. “Enquanto houver clubes interessados nas minhas qualidades e eu interessado no projecto que me apresentarem, continuarei a jogar”, refere.
O guarda-redes da equipa do concelho de Abrantes, conta no seu palmarés com um título de campeão distrital de Iniciados, outro de campeão distrital de seniores e outro de campeão nacional da 3ª divisão.
E como será Norberto tratado pelos colegas de equipa, naturalmente mais novos? “Na brincadeira chamam-me velho e gostam que lhes conte histórias vividas no futebol, além de me pedirem conselhos”, responde.
Nando Costa, treinador de Norberto na equipa do Pego considera que o seu jogador “é alguém que se cuida, ainda está em forma e que traz muita experiência à equipa e dá muitos conselhos aos mais novos. E com os anos que já leva de futebol consegue dar treino de baliza a ele próprio e ao outro guarda redes quando é necessário, além de andar motivado e puxar pela equipa e os outros jogadores ouvem-no e respeitam-no”, conclui.
Quanto ao seu futuro, depois de “arrumar” as botas, Norberto diz que ainda não decidiu mas inclina-se para ser treinador de guarda-redes das camadas mais jovens.
No seu longo percurso o guarda redes do Pego, naturalmente, presenciou ou protagonizou alguns casos curiosos. Norberto contou-nos dois, um que presenciou e o outro em que foi o principal “intérprete”.
“Ambos se passaram quando joguei no Foros do Arrão. O fiscal de linha, num determinado desafio, estava sempre a assinalar foras de jogo à nossa equipa. A assistência, saturada com a situação, dirigiu-se a ele, tirou-lhe a bandeirinha e partiu-a”, recorda.
“Na que fui protagonista foi assim: eu é que marcava as grandes penalidades no Foros do Arrão. Fomos jogar a Aviz, cuja equipa era a primeira classificada do distrital de Portalegre (ainda não tinham derrotas e era o último jogo do campeonato) e queriam terminar o campeonato invictos. A cinco minutos do final do jogo, o resultado assinalava um empate a zero bolas. O árbitro assinalou uma grande penalidade contra o Aviz. Como sempre, fui marcá-la, da qual resultou golo. Beijei o símbolo do meu clube e, quando olho para trás, vinha uma multidão de adeptos do Aviz para me agredir. Tive de fugir para os balneários e saí de lá escoltado por militares da GNR”, finaliza.
Grácio dos Santos
