Numa conferência de imprensa que teve como fundo a janela “porventura mais famosa e charmosa do Mundo”, como se lhe referiu o diretor-geral do Património Cultural, João Carlos Santos, a secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, realçou a “enorme relevância” da intervenção que se está a iniciar – já com andaimes montados – no monumento classificado como Património da Humanidade.
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A obra vai percorrer todo o exterior da igreja, onde está a mundialmente famosa Janela do Capítulo, que possui elementos escultóricos de extraordinária importância para o entendimento deste monumento absolutamente único em Portugal e que se encontram cobertos por líquenes que os cobrem de uma coloração negra e amarela.
A intervenção de conservação e restauro prevista, com financiamento do Programa Operacional Centro 2030 (85% de fundos comunitários e 15% de comparticipação nacional), é tecnicamente delicada e vai permitir retirar a ‘biocolonização’ excessiva que ao longo de séculos se acumulou nestes extremamente imbricados elementos pétreos e escultóricos, devolvendo-lhes a plena leitura iconográfica, decorativa, permitindo uma fruição e um entendimento muito mais imediato do monumento.
Delgado Rodrigues, consultor científico da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), explicou que, para reabilitação da Janela Manuelina, vai ser usada uma “abordagem diferente”, já que a área a intervir vai ser completamente tapada.
Esta técnica naturalista permitirá que, sem humidade e sem luz, morram os micro-organismos que invadiram os elementos escultóricos em pedra, cobrindo-os da coloração negra e amarela dos líquenes, que impedem a leitura iconográfica dos elementos pétreos.
Mais morosa, esta intervenção evita o recurso a biocidas, normalmente usados por não serem agressivos para a pedra. Mas, no caso da Janela Manuelina, foi considerado mais prudente ir “de forma mais suave”, afirmou.
Isabel Cordeiro destacou a congregação de várias equipas de especialistas e o envolvimento do Instituto Politécnico de Tomar, que vai permitir que, durante a obra, o público possa acompanhar “a alteração que se vai processando”, seja em imagens que serão projetadas em ‘videowalls’, seja na página do monumento.
A diretora do Convento de Cristo, Andreia Galvão, sublinhou a “necessidade de intervenção continuada” num monumento com um elevado risco de degradação, dada a “fragilidade” da pedra calcária retirada das pedreiras da região para a sua construção.