A coluna militar liderada por Salgueiro Maia, que na madrugada de 24 para 25 de abril de 1974 saiu da Escola Prática de Cavalaria (EPC) de Santarém em direção a Lisboa, onde teve papel principal na Revolução que instaurou a democracia em Portugal, vai ser recriada 50 anos depois, a 24 de abril deste ano, incluindo várias viaturas e militares da coluna original.
Este será um dos pontos altos da programação que a Câmara de Santarém preparou para assinalar o meio século da Revolução dos Cravos, onde a ex-EPC e os seus militares tiveram um papel decisivo.
Além da recriação da coluna militar, o programa, feito em conjunto com as Comemorações Populares do 25 de Abril de Santarém-Associação Cultural e com o apoio da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, vai realizar-se durante o mês de abril um largo conjunto de iniciativas.
O programa inclui concertos, espetáculos solidários, evocativos e de “videomapping”, exposições, cinema, teatro, encontro de coros, diversas atividades para o público infantil nas escolas das freguesias do Concelho e para o público em geral, no âmbito do projeto “Abril’Arte”, e muitas outras propostas culturais.
Durante a apresentação do programa das comemorações, na quinta-feira, 15 de fevereiro, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, lembrou os tempos agitados que vivemos, num ano que vai ter eleições em grande parte do mundo, para afirmar que nunca podemos dar como certas garantias como as conquistadas em Abril de 1974.
O autarca não escondeu a mágoa por o Museu de Abril e dos Valores Universais (MAVU) ainda não ser uma realidade no terreno e lamentou que a macrocefalia de Lisboa não permita que o país ande à mesma velocidade que a capital, onde tudo se resolve de forma mais rápida.
“Felizmente temos liberdade para dizer o que pensamos”, disse Ricardo Gonçalves, satisfeito por Santarém ser “um dos grandes palcos das comemorações do 25 de Abril”.
O vereador da cultura na autarquia escalabitana, Nuno Domingos, revelou que um dos objetivos destas comemorações foi o de envolver a comunidade através de uma vasta diversidade de propostas, de forma a que “todos os democratas se sintam representados”.
A cerimónia de apresentação das comemorações, realizada simbolicamente na antiga Porta de Armas da antiga EPC, contou ainda com relatos dos coronéis Correia Bernardo e Garcia Correia, que recordaram algumas estórias que ficaram para a história. Natércia Maia, viúva do capitão Salgueiro Maia, e a comissária-executiva da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, também estiveram presentes, assim como o presidente das Comemorações Populares do 25 de Abril de Santarém-Associação Cultural, Madeira Lopes, que apesentou parte do programa.
TENDA GIGANTE VAI ACOLHER ESPETÁCULOS PRINCIPAIS
O programa das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril inclui largas dezenas de iniciativas a realizar na cidade e nas freguesias ao longo de todo o mês de abril, com início no dia 3, às 11h00, com o Tributo a Salgueiro Maia, no Jardim dos Cravos, junto à estátua do “Capitão sem medo”, seguindo-se a inauguração da exposição de fotografia de Alfredo Cunha, um dos mais emblemáticos fotógrafos da Revolução, ao meio dia, no Jardim da República.
Outro dos centros das comemorações vai ser a parada da antiga Escola Prática de Cavalaria, onde será instalada uma tenda com capacidade para cerca de 600 pessoas, onde será exibido o espetáculo de teatro comunitário “Um canto de liberdade”, que inclui cerca de 70 pessoas em polco e terá sessões a 17, 19, 20 e 21 de abril, às 21h30.
Neste local realiza-se também “Esta é a madrugada que eu esperava”, espetáculo evocativo da madrugada do 25 de Abril, com a recriação da saída da coluna militar liderada por Salgueiro Maia. Será às 21h30 de 24 de abril.
CARRO DE COMBATE VOLTA À FACHADA DA EPC
Outra iniciativa de destaque destas comemorações é a cerimónia de apresentação do carro de combate no pódio junto à fachada da EPC, no dia 24 de abril, às 18 horas, com o descerramento de uma placa que assinala a saída da coluna militar liderada por Salgueiro Maia. Após esta cerimónia é apresentado o projeto do Centro de Interpretação “Santarém Militar – CISM”.
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2 Responses
Celebrar os 50 anos do 25 de abril, seria boa ideia celebrar no aldeamento que chefiava 1974 Moçambique nesse mesmo dia onde ao ouvir estação de radio da Africa do Sul é que vim a saber do acontecimento, não pude partilhar porque á minha volta não havia ninguem que pudesse prtilhar eu era a unica pessoa branca.
Não vi aqui nada escrito que faça referência aos 240 militares envolvidos na revolução e que saíram da EPC de Santarém. Não fazem parte destes projectos de comemoração?