Santana-Maia Leonardo
Não há, em todo o espectro político, um único partido que não defenda o nosso modelo de desenvolvimento assente na Cidade Estado grega, o que, aliás, está totalmente de acordo com o sentir da esmagadora maioria do povo português. Lisboa é Portugal e o resto é paisagem. Até no futebol, os clubes de Lisboa assumem o seu carácter nacional, esvaziando o país e transformando os clubes de província em capelinhas onde os clubes de Lisboa vão celebrar missa de vez em quando.
É, por isso, absolutamente natural que a nova administração da Caixa Geral dos Depósitos, em perfeita sintonia com o modelo de desenvolvimento livremente escolhido pelos portugueses e que, de resto, está já inscrito no seu ADN, decida encerrar balcões no interior do país, designadamente o balcão de Almeida, tal como os sucessivos governos têm encerrado (e vão continuar a encerrar) serviços, tribunais, escolas, centros de saúde, etc.
E não deixa de ser comovente ver a hipocrisia e o cinismo com que as nossas elites se manifestam, nos programas televisivos e radiofónicos, contra o processo de desertificação do país de que elas têm sido as principais promotoras e beneficiárias. Não há um único político ou comentador nacional (leia-se, residente em Lisboa) que não exiba, nestes programas, orgulhosamente as suas raízes transmontanas, minhotas, beirãs, alentejanas ou algarvias, mas ainda não vi nenhum deles defender até hoje uma única proposta capaz de os fazer regressar à terra das suas orgulhosas raízes. Nem eles, nem os filhos.
Escolhe outro!