João Baeta, o jovem de 17 anos que em Julho de 2011 conseguiu a proeza de nadar contra todas as adversidades entre as Berlengas e Peniche, vai tentar atravessar o mar bravo que separa a Ilha de Ataúro de Díli, a capital de Timor-Leste.
Esta aventura em águas abertas, nunca antes tentada por nenhum outro nadador, está marcada para o próximo dia 21 de Maio e insere-se nas comemorações oficiais do 10º aniversário da independência de Timor.
A travessia tem o alto patrocínio da Presidência da República timorense e foi o próprio gabinete do presidente José Ramos Horta que sugeriu a data, a fim de a incluir no programa das cerimónias. Cavaco Silva vai estar presente, em representação do Estado português.
O jovem nadador de Santarém está já a treinar todos os dias para tentar superar os cerca de 28 quilómetros do percurso, onde as principais dificuldades vão ser as fortes correntes e a fauna marinha, uma vez que o Mar de Timor é uma zona de atravessamento de tubarões e baleias de grande porte.
As temperaturas elevadas da água também podem ser uma complicação acrescida para João Baeta, que, tendo em conta as suas características naturais, é um atleta que se dá melhor com águas mais frias.
Parte da travessia, que tem uma duração estimada de oito a nove horas se conseguir fazer o percurso na totalidade, será feita de noite. A partida da Ilha de Ataúro, caso as condições meteorológicas sejam favoráveis, está marcada para a uma hora da madrugada do dia 21 de Maio.
Em Timor, João Baeta vai nadar sozinho na água, apoiado por uma embarcação onde estará o seu treinador, Renato Rodrigues, o pai, Luís Baeta, um árbitro português para acompanhar a prova e homologar o resultado, vários mergulhadores e uma equipa técnica para garantir toda a segurança ao jovem, que completa 18 anos de idade no próximo dia 7 de Maio.
O barco vai estar equipado com uma sonda para detectar a aproximação de peixes de grande porte.
Esta aventura tornou-se possível em grande parte graças ao pai do jovem, Luís Baeta, um militar da GNR que está numa missão em Timor-Leste (no 12º Contingente do Sub Agrupamento Bravo), desde Outubro de 2011, e que foi quem começou a tentar organizar uma travessia em águas abertas para João Baeta naquele país.
Dentro dos contactos oficiais que foram sendo estabelecidos, o assunto acabou por chegar ao conhecimento da Presidência da República, que decidiu apoiar a intenção de João Baeta, suportando financeiramente as viagens, o alojamento e a alimentação. A travessia conta ainda com o apoio da GNR.
Apenas quatro nadadores venceram o mar entre as Peniche e as Berlengas
No dia 31 de Julho de 2011, João Baeta tornou-se no mais jovem nadador de sempre a conseguir fazer a travessia de 15 quilómetros que separa as Berlengas de Peniche. Aos 17 anos, o jovem scalabitano tornou-se no quarto atleta a concluir este desafio, colocando-se ao lado dos grandes nomes da natação em águas abertas, em Portugal. Antes dele, só Batista Pereira, na década de 60, e Miguel Arrobas e Nuno Vicente, em 2007, venceram o mar bravo da península de Peniche.
A prova realizou-se em condições atmosféricas extremamente adversas e esteve prestes a ser cancelada.
O jovem começou a nadar por volta das 9h50, com a temperatura da água a 15,5 graus, e chegou cinco horas, 24 minutos e 45 segundos depois ao porto de Peniche, com a água a marcar 13 graus.
Pelo caminho, além do frio, teve que lutar contra um mar agitado por correntes muito fortes.
João Baeta começou a dar as primeiras braçadas com quatro anos, e aos seis estreou-se em competições federadas de natação pura, tendo chegado às provas de águas abertas com apenas 14 anos.
Decidiu apostar nesta variante tendo em conta as suas características de fundista enquanto nadador, uma vez que se sente mais à vontade nas grandes distâncias do que nas provas de velocidade.